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Economias - "Este e o momento de diversificar a actividade produtiva do Cabo Verde"

RFI

Uma vez por semana, os temas que marcam a economia e o mundo são passados a pente fino.

Location:

Paris, France

Networks:

RFI

Description:

Uma vez por semana, os temas que marcam a economia e o mundo são passados a pente fino.

Language:

Portuguese


Episodes

Marcelo Moledo: «Construção civil está numa situação melhor, apesar da pandemia»

4/30/2021
A França vai iniciar o processo de desconfinamento na segunda-feira, 3 de Maio, no entanto o mesmo será progressivo e certos sectores, como a cultura e a restauração, ainda vão ter de esperar, aumentando ainda as dificuldades financeiras para determinados negócios. A construção civil vive uma situação bem diferente. Se durante o primeiro confinamento em Março de 2020, as autoridades tinham encerrado todas as actividades, rapidamente o Governo libertou os empregados que trabalham nas obras públicas e privadas. A procura caiu durante o ano de 2020 e o número de obras acabou por se reduzir. No entanto 2021 aparece como um ano de retoma e o sector está a tentar recuperar o ritmo que tinha antes da pandemia de Covid-19. Marcelo Moledo, arquitecto português que trabalha em França há vários anos, tendo duas empresas, uma em território francês e outra em Portugal, admitiu que os clientes com meios financeiros preferem apostar no sector imobiliário, na construção ou restauração de vivendas, do que deixar o dinheiro parado no banco. O empresário português assegura, apesar da retoma em 2021, que o ano passado foi um ano difícil e teria sido caótico se a construção civil tivesse encerrado como empresas de outros sectores. Marcelo Moledo, arquitecto português, originário de Viana do Castelo, e que vive no Sul da França onde se instalou com a mulher e as duas filhas. O Governo gaulês prometeu abrir novamente os sectores que mais sofrem do confinamento se, e apenas se, a situação sanitária melhorar. O território francês, apesar do terceiro confinamento e do recolher obrigatório em vigor desde o mês de Outubro de 2020, continua a ter uma média de 30 mil novos casos de Covid-19 todos os dias, e cerca de 300 mortos diários.

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SuperLiga, Super Fiasco? A corrida aos milhões no futebol

4/23/2021
O bolo é apetecível e tem vários sabores, chama-se o futebol. Há largos anos que a maior competição de clubes europeus, a Liga dos Campeões, é dirigida pela UEFA, organismo que gere o futebol na Europa. O formato já mudou várias vezes, passando, no início, dos vencedores dos campeonatos à integração de outras equipas segundo a classificação do país na UEFA. Por exemplo, a Espanha ou ainda a Inglaterra têm quatro clubes assegurados na prova milionária enquanto Portugal tem apenas dois. Esse formato vai novamente evoluir. Acaba-se a fase de grupos, e entra-se na era de um campeonato com 36 equipas, em que cada uma terá de realizar dez jogos, cinco em casa e cinco fora. Este novo formato foi anunciado na segunda-feira, um dia após o lançamento da SuperLiga. Essa nova competição ia ter 12 clubes fundadores - Real Madrid, Atlético Madrid, FC Barcelona, Inter de Milão, AC Milan, Juventus, Chelsea, Liverpool, Arsenal, Tottenham, Manchester United e Manchester City -, mais três outras equipas permanentes e mais cinco clubes convidados. O objectivo? Ter mais receitas para partilhar entre os clubes. As equipas da SuperLiga poderiam partilhar 3,5 mil milhões de euros no início, podendo atingir rapidamente os 5 mil milhões, enquanto a Liga dos Campeões atribui aos clubes 2,7 mil milhões de euros. Esta corrida ao poder e aos milhões do futebol acabou por ser curta. Os adeptos, os dirigentes, os futebolistas e até mesmo os Governos revoltaram-se contra a competição vista como uma prova feita para os ricos deixando de lado inúmeros clubes e países com um certo historial na Liga dos Campeões, como Portugal que, com Benfica e FC Porto, tem 4 Ligas dos Campeões, dois troféus cada um. Perante a revolta, as manifestações dos adeptos na Inglaterra, com violências à mistura, os seis clubes ingleses, coluna vertebral do projecto, abandonaram em menos de 48 horas. Seguiram-se Atlético Madrid, Inter de Milão e AC Milan. Apenas Juventus, Real Madrid e FC Barcelona mantêm-se num projecto que está agora em ‘stand-by’. Um fiasco total, mas a ideia foi lançada. Diogo Luís, economista e antigo futebolista, analisou esta situação, afirmando que a SuperLiga era uma aberração que foi mal preparada, mas sublinhando também que a UEFA terá de rever os prémios atribuídos para evitar uma nova revolta dos clubes nos próximos anos. Diogo Luís, economista, que trabalha na Golden Wealth Management, e antigo lateral esquerdo, foi formado no SL Benfica, ele que representou também o Alverca, o Beira-Mar, a Naval 1.º de Maio, o Estoril e o Leixões em Portugal.

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Agricultores queixam-se da dificuldade de acesso ao crédito

4/14/2021
A agricultura representa 32% do Produto Interno Bruto (PIB) africano. Um continente que alberga 79% das terras aráveis não cultivadas e onde 69% da população trabalha na agricultura. Para debater os desafios e oportunidades do Agro-negócio a Escola de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade de Cabo Verde, em parceria com o Centro de Estudos Africanos para Desenvolvimento e Inovação, organizou o 1º Fórum Virtual do Agro-negócio nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, sob lema "Pensar o Agro-negócio nos PALOP, o Presente e o Futuro". A participar neste fórum esteve Jaime Boles Gomes, presidente da Associação Nacional dos Agricultores da Guiné Bissau, que denunciou a falta de acesso ao crédito para financiar a actividade no seu país. Abel da Silva Bom Jesus agricultor de São Tomé e Príncipe também foi um dos oradores. Um exemplo de motivação que conta com mais de vinte anos de experiência no sector. O maior produtor de ananás do país sublinhou o desinvestimento feito no sector pelo governo do seu país.

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Guiné-Bissau: começou campanha de comercialização da castanha de caju

4/9/2021
Na Guiné-Bissau começou a 7 de abril a campanha de comercialização da castanha de caju, o principal produto de exportação do país e motor da sua economia, do qual depende directa ou indirectamente mais de 80% da população. O governo estabeleceu o preço de base mínimo a 360 FCFA por kg (0,54i€) e uma base tributária de cerca de 723€ por tonelada. Para o economista Aliu Soares Cassamá o preço é razoável, mas critica as sobre-taxas aplicadas, que penalizam os operadores económicos locais e considera que até ao momento não foi dada a devida atenção ao sector, que deveria industrializar-se. Na Guiné-Bissau, o governo estabeleceu para a campanha de comercialização da castanha de caju em 2021 o preço mínimo de base a360 FCFA por kg (0,54 euros) e uma base tributária de cerca de cerca de 723 euros por tonelada, sendo que os principais compradores são a Índia, China, Vietnam e Mauritânia. Pelo segundo ano consecutivo a campanha é afectada pela pandemia da Covid-19 e suas restrições nacionais e a nível mundial. Em 2020 o preço estabelecido pelo governo de 350 FCFA/kg mas aumentou e chegou a atingir 550 FCFA no final da campanha. Foram exportadas 154 mil toneladas, menos 20% do que em 2019 (195 mil de toneladas) quando a média normal era de 200 mil toneladas, o equivalente a 8% da produçao mundial de caju. Por ordem do governo o dinheiro do caju é gerido por bancos comerciais, no âmbito do Fundo de Promoção de Investimento Industrial e não beneficia em nada os agricultores e operadores económicos, que não têm apoios.

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Que impacto económico pode ter a suspensão das actividades da Total em Palma ?

4/2/2021
No passado dia 24 de Março, a localidade de Palma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, foi atacada por insurgentes que causaram inúmeras vitimas e levaram milhares de habitantes a fugir da violência. Para além do pesado balanço humano, os ataques recorrentes desde 2017 naquela zona têm estado igualmente a ter um impacto negativo na economia local, designadamente com uma nova suspensão das actividades da empresa francesa Total que lidera em Palma a implementação daquele que é considerado o maior empreendimento para a exploração de gás natural a nível de África. Antes mesmo de encetar as suas actividades, a Total e os seus parceiros já tinham injectado alguma liquidez a nível local. Com a suspensão do projecto por alguns meses senão mesmo anos -conforme encara a petrolífera francesa- são vários sectores que ficam sem perspectivas. Este é o receio de Gulamo Aboobakar, presidente do Conselho Empresarial Provincial de Cabo Delgado, que ao recordar que "são muitos milhões envolvidos e são vidas humanas em jogo", considera que "sem segurança, nada será possível". Este é também o imperativo formulado por Tiago Dionísio, economista-chefe da consultora Eaglestone em Lisboa. Ao referir-se ao impacto da suspensão do projecto liderado pela Total, um projecto que pesa 60 biliões de Dólares e que prevê o arranque da extracção do gás natural de Palma a partir de 2024, com previsões de receitas da ordem dos 96 biliões de Dólares nos próximos 25 anos, Tiago Dionísio considera que está em jogo a própria capacidade de Moçambique respeitar os seus compromissos internacionais, sendo que a sua economia continua fortemente abalada pela crise das "dívidas ocultas".

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Moçambique: preço do pão vai aumentar a 1 de abril ?

3/26/2021
A Associação Moçambicana de Panificadores - AMOPÃO - anunciou a 23 de março o aumento do preço do pão a partir de 1 de abril, devido ao aumento de 24% desde outubro de 2020 do preço da matéria prima, a farinha de trigo, o que levou à crise no sector com encerramentos de panificadoras, prejuízos e dívidas acumuladas. Tal faz ressurgir o espectro das revoltas da fome dos anos 2008, 2010 e 2012, como refere Mouzinho Nicols, presidente da Associação de Defesa do Consumidor de Moçambique - ADECOM, para quem a população já está no "sufoco".

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França: Lourdes perdeu 92% da actividade em 2020

3/17/2021
Os trabalhadores sazonais de Lourdes pedem um “ano branco” ao executivo. Querem que o governo francês prolongue por, pelo menos, mais um ano os direitos adquiridos de fundo desemprego. Sem turistas e com uma perda de 92% da actividade, a situação na segunda cidade francesa com maior capacidade de alojamento é catastrófica. Os primeiros a pagar a factura são os trabalhadores sazonais. Devido à pandemia, a maioria não trabalha desde Outubro de 2019, uma vez que em 2020 não renovou o contrato de trabalho. Dos 2600 trabalhadores sazonais de Lourdes cerca de 600 são portugueses. Lourdes é o quarto santuário católico mais visitado do mundo, com mais de 6 milhões de peregrinos por ano. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INSEE), entre Julho e Agosto do ano passado, meses onde normalmente a ocupação hoteleira em Lourdes atinge a capacidade máxima, os hotéis apenas registaram 105.000 dormidas, ou seja 16% do volume registado em 2019. A cidade mariana é extremamente dependente dos peregrinos estrangeiros, que representam dois terços das reservas neste período e também das peregrinações de grupos. Com as anulações em catadupa, a maior parte dos hotéis acabou por nem sequer abrir as portas. Neste contexto, o INSEE refere uma queda de 92% das dormidas dos clientes não residentes. A cidade de perto de 15.000 habitantes vive essencialmente do turismo religioso e conta com 9.800 quartos, 200 hotéis e 140 lojas de objectos religiosos e recordações. A restauração e a hotelaria representam 350 milhões de euros por ano em Lourdes. Cidade onde a economia depende a 80% do turismo. Para tentar responder à precária situação que vivem os trabalhadores sazonais, foi criada, já depois do início da pandemia, a Associação dos Trabalhadores Sazonais de Lourdes e da Vallée (ASLV). Ao microfone da RFI, Manuela Gonçalves, vice-presidente da Associação dos Trabalhadores Sazonais de Lourdes, relatou “uma situação crítica. Estamos parados há mais de um ano. Há pessoas que já perderam os direitos de desemprego e outras que estão prestes a perdê-los. Temos agregados familiares (por exemplo um casal com dois ou três filhos) [a viver] com um subsídio de desemprego. Temos pessoas a receber o RSA [Rendimento de Solidariedade Activa]. (…) E este ano ninguém tem certeza se vamos poder ou não trabalhar”. “A nossa batalha sempre foi o “ano branco”, ou seja, nós continuávamos a receber o [subsídio de] desemprego mas não nos retiravam os direitos. Porque fomos impedidos de trabalhar. A culpa não é do Estado, mas também não é nossa”, acrescentou a portuguesa que trabalha há dois anos na cidade mariana. "Queremos um estatuto para os trabalhadores sazonais, não temos nada que salvaguarde os nossos direitos. O que todos nós desejamos não são ajudas, desejamos trabalhar", concluiu Manuela Gonçalves. Em instalações cedidas pela autarquia local a ASLV abriu um banco alimentar para colmatar os 'frigoríficos vazios’ de várias famílias. Todavia, os pedidos de ajuda são cada vez mais numerosos e a situação tende a piorar nos próximos meses. Os profissionais do turismo consideram que o “regresso à normalidade” em Lourdes não deve acontecer antes de 2022/2023. O santuário mariano tem dois períodos fortes por ano, o primeiro é na segunda semana de Fevereiro, para assinalar aparições da Virgem Maria e, posteriormente, de Abril-Outubro/Novembro. De acordo com a Igreja Católica, em 1858, a Virgem Maria apareceu 18 vezes à jovem de 14 anos Bernardette Soubirous, na gruta de Massabielle.

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Paris: Airbnb afunda com pandemia

3/12/2021
Na capital francesa existem mais de 35.000 anncios de alojamento na plataforma Airbnb. Sem turistas, muitos proprietários viram-se forçados a apostar em novas estratégias de arrendamento para para não terem que vender os bens. O mercado imobiliário francês teve de se adaptar à pandemia, tanto na procura como na oferta. José Pinto, agente imobiliário em Paris, descreve um aumento significativo de apartamentos mobilados a entrar no mercado imobiliário no último ano, reflexo da falta de turistas. O teletrabalho também criou mudanças no sector, que levou as empresas a se adaptarem a espaços mais pequenos. "Há milhares de metros quadrados a ficarem vazios com empresas a abandonarem os espaços, sobretudo em La Defense", afirmou o gestor imobiliário português.

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Cabo Verde Airlines vai poder voltar a voar, em que condições ?

3/5/2021
O governo cabo-verdiano anunciou que os accionistas de referência da Cabo Verde Airlines - Loftleidir Cabo Verde do grupo Icelandair e Estado de Cabo Verde, chegaram a acordo para que a companhia aérea retome as operações. O novo acordo incluiu o quarto aval do Estado para um empréstimo de quatro milhões de euros para a Cabo Verde Airlines, válido por sete anos. De novembro do ano passado até o último aval, publicado no Boletim Oficial da passada segunda-feira, 01 de Março, já somam mais de sete milhões de euros. Conversámos com o empresário cabo-verdiano Marco Bento da área das telecomunicações, tecnologias, financeira, restauração e comércio a retalho, vestuário e calçado. Este é a favor do novo acordo entre os accionistas de referência da Cabo Verde Airlines desde que permita à companhia voltar a voar de diferentes pontos do arquipélago para o exterior.

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Cabo Verde: Reciclar é “o negócio do futuro”

2/24/2021
E se o “negócio do futuro” fosse salvar o meio ambiente? É nisso que acreditam os cabo-verdianos Deritson de Pina e Alex Mascarenhas, de 26 e 29 anos, que criaram a empresa eco-responsável Biodosa. A start-up transforma óleo de cozinha em sabões e detergentes e, no futuro, quer criar biodiesel e gás natural a partir de outros resíduos. Nada se perde e tudo se transforma num negócio que começou numa garagem, que já transformou 7,5 toneladas de óleo de fritura em sabão e detergente e que é descrito por Deritson de Pina como “bem viável”. Oiça aqui a entrevista.

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Os desafios de Okonjo-Iweala na liderança da OMC

2/19/2021
A nigeriana Nogozi Okonjo-Iweala é a nova directora da Organização Mundial do Comércio, a ex-ministra das Finanças chega à liderança da OMC numa altura em que a organização está desacreditada. A guerra comercial entre os Estado Unidos e a China, os acordos regionais e o proteccionismo inteligente paralisaram a organização que procura agora recuperar a credibilidade do passado. Em entrevista à RFI, o economista guineense Carlos Lopes, professor na Universidade sul-africana do Cabo, acredita "nas capacidades de negociação e persuasão" de Nogozi Okonjo-Iweala, no entanto reconhece que a Organização Mundial do Comércio vive uma crise profunda "exacerbada pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China".

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Novo confinamento asfixia PME portuguesas

2/12/2021
O primeiro-ministro português considerou que o actual confinamento está a produzir resultados contra a Covid-19, mas é necessário prolongá-lo para continuar a reduzir os níveis da pandemia. O ministro de Estado de das Finanças, João Leão, garantiu que as medidas de apoio às empresas e ao emprego no âmbito da luta contra Covid-19 se vão manter. "Do lado do governo queremos deixar uma mensagem muito forte de apoio e compromisso às empresas e aos trabalhadores que veem a sua atividade condicionada pela pandemia: a garantia que as medidas de apoio às empresas e ao emprego - como o lay-off e outras - se vão manter enquanto durar a pandemia e a actividade económica estiver condicionada, custe o que custar", afirmou João Leão. O tecido empresarial português é composto por 90% de pequenas e médias empresas. Do sector da indústria mobiliário ao vestuário, passando pelo turismo, existem empresas em risco de insolvência como alerta Gualter Morgado, director executivo da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA).

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Angola: OGE 2021 vai agravar pobreza, desemprego e desigualdades

2/5/2021
Em Angola o orçamento geral do Estado para 2021 que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2021, prevê de cerca de 15 milhões de kwanzas em despesas e igual montante em receitas, dos quais 52,5% são para o pagamento da divida pùblica, externa e interna e apenas 5,6% são alocados à saúde e 6,8% à educação. O activista social Rafael Morais, considera que com a pandemia da Covid-19 em pano de fundo, este OGE vai agravar a pobreza, o desemprego e as desigualdes. A economia angolana não regista crescimento desde 2016, o PIB teve um recuo acumulado de 9%, a pobreza aumenta e com ela a fome e segundo dados oficiais da Direcção Nacional de Saúde Pública, "duas crianças menores de cinco anos morrem de fome a cada hora em Angola" e segundo a UNICEF 46 pessoas morrem diariamente por desnutrição. O Orçamento Geral do Estado para 2021, aprovado a 14 de dezembro pelos deputados do MPLA e da FNLA, com votos contra da Unita e CASA-CE e a abstenção do PRS, que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2021 é de 14,7 mil milhões de kwanzas em despesas e igual montante em receitas, o que representa mais 9,9% do que o anterior, calculado com o barril de petróleo a 50 dólares e agora a 39 dólares. As necessidades líquidas estão avaliadas em 1. 706,8 mil milhões de Kwanzas ou 4,1% do PIB, montante a ser obtido através de financiamento interno ou externo, bem como pela venda de activos. As necessidades brutas de financiamento para o OGE estão estimadas em 6.862,8 mil milhões de kwanzas, o que representa 16,3% do PIB, uma redução de 6,4 pontos percentuais em relação ao de 2020. O pagamento da divida pública externa (25,7%) e interna (26,7%) representa quase 52,5% do OGE 2021 e Angola vai ter que recorrer ao exterior para o financiar, entre outros com vendas de activos, previstas pelo programa privatizações anunciado pelo Presidente João Lourenço, que pretende, entre outros, privatizar 30% da Sonangol em 2021. Aos sectores da defesa, segurança e ordem pública e aos serviços públicos gerais são atribuidos 21% do OGE. Em contrapartida, ao sector da protecção social – vital para combater a crise social – será canalizado um montante de apenas 560 mil milhões de kwanzas. O sector da educação, com 6,8% do OGE a variação real é de menos 5% em relação ao valor orçamentado em 2020 e não inclui qualquer rubrica dedicada explicitamente a medidas de biossegurança, em contexto da pandemia da Covid-19. "A única novidade, neste capítulo, é a introdução do Programa de Educação em Situação de Emergência, com uma dotação de mais de 1000 milhões de kwanzas, mas este programa carece de informação, o que ajuda à opacidade, mas não a transparência”, segundo as ONGs OPSA e ADRA. "Na verdade”, conclui a análise das ONGs ADRA e OPSA, "Angola enfrenta esta crise extraordinária com medidas ordinárias”, ou seja, a proposta "não contempla as medidas excepcionais” que o contexto impõe.

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Angola: Isabel dos Santos "não vai pagar a multa" infligida em Paris à Vidatel

1/29/2021
O jornalista angolano William Tonet, director do jornal Folha 8, professor universitário de direito e membro do Tribunal Arbitral Internacional, com sede no Brasil, considera que Isabel dos Santos e a sua empresa Vidatel, vão contestar de novo a condenação proferida a 26 de janeiro em Paris pelo Tribunal Arbitral da Câmara Internacional de Comércio, que condenou a Vidatel a pagar à PT Ventures 339,4 milhões de dólares, acrescidos de 364 mil de despesas judiciais, mas o jurista pensa que ela jamais vai pagar, porque os seus bens estão sob arresto judicial em Angola e Portugal.

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Covid-19 e os dias de angústia em Manaus, Estado brasileiro do Amazonas

1/22/2021
No estado brasileiro do Amazonas, a segunda onda de Covid-19 provocou um colapso sanitário, agravado por uma falta de oxigénio nos hospitais. Os casos de reinfecção multiplicam-se e a nova variante do virus descoberta na região preocupa os epidemiologistas. As ambulâncias não páram de chegar ao Hospital 28 de Agosto em Manaus. Na porta das urgências ficam muitas famílias de doentes com Covid-19, a aguardar noticias dos pacientes internados. Apesar da superlotação, Alexandre conseguiu que a sua filha de 24 anos fosse atendida. Muitos têm que cuidar dos familiares doentes em casa. A complicar o cenário Manaus sofre há uma semana de uma falta de oxigénio. Morreram 100 pessoas asfixiadas no ultimo dia 14 de janeiro, segundo relatos dos profissionais de saúde. Este colapso sanitário tem várias causas. Manaus foi uma das cidades mais atingidas pela pandemia no mundo. A alta circulação do virus pode ter favorecido o surgimento de uma nova estirpe detectada por pesquisadores no Amazonas. Mário Viana, presidente do sindicato de médicos do Estado, descreve um cenário de guerra : O sistema de saúde da cidade fica saturado porque é a única do Estado que dispõe de unidades de cuidados intensivos. Em Iranduba, a uns trinta quilómetros de Manaus, quinze dias depois do Natal, 90 % das camas do pequeno hospital ficaram ocupadas, e sem oxigénio suficiente. A autarquia decidiu impor um recolher obrigatório das duas da tarde até às seis da manhã. Génesis, cabeleireiro, concorda com esta medida. Uma patrulha da guarda municipal chefiada pelo capitão Araujo fiscaliza o cumprimento do recolher obrigatório. Num país onde nunca houve confinamento, ainda é difícil para alguns entender essai ordem de ficar em casa. O ministério da Saude brasileiro já confirmou um caso de reinfecçao pela nova estirpe de Covid-19 no Estado do Amazonas, e os especialistas apontam que o Estado deve ser prioritário no plano de vacinação. Recebeu no início da semana um pouco mais de 280 000 doses do governo federal, uma quantidade insuficiente para atender todo o público alvo da primera fase.

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Guiné-Bissau: nova greve geral da Função Pública a partir de 18 de janeiro

1/14/2021
Na Guiné-Bissau depois da greve geral da Função Pública entre 4 e 8 de janeiro, a UNTG, principal central sindical do país, convocou uma nova greve para os dias 18, 19, 21 e 22 de janeiro - 20 é feriado, para assinalar o assassínio de Amílcar Cabral - exigindo que o Presidente Umaro Sissoco Embaló vete o OGE para 2021, que entre outros, prevê aumento de impostos e aumento dos subsídios aos governantes e deputados e cumpra o memorando de entendimento assinado em novembro de 2020. As reivindicações dos trabalhadores mantêm-se as mesmas, como refere Júlio Mendonça, secretário-geral da UNTG.

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Vantagens e desvantagens da área de livre comércio africana

1/8/2021
Quais são as vantagens, desvantagens e em que consiste a Área Continental de Comércio Livre Africano que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2021? O economista moçambicano João Mosca, investigador do Observatório do Meio Rural, explica os meandros deste mercado comum que pretende juntar 1,3 mil milhões de pessoas num bloco económico avaliado em mais de 3 mil milhões de dólares.

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Covid-19: “A pandemia da pobreza” em França

12/25/2020
A crise sanitária acentuou “a pandemia da pobreza” e criou milhões de “novos pobres” em todo o mundo, nomeadamente em França. Oiça aqui um retrato social e económico de França em plena pandemia de Covid-19 com a economista Cristina Semblano. A França é um dos países mais ricos do mundo mas não conseguiu impedir que mais de um milhão de franceses caíssem na pobreza até ao final deste ano, juntando-se aos já existentes 9,3 milhões. Em Paris, há estudantes universitários a passar fome e pessoas que só comem uma refeição por dia. Neste programa, debruçamo-nos sobre a situação social e económica da França, com a economista Cristina Semblano. “É um dos sintomas muito importantes. Podemos falar até na pandemia da pobreza”, começa por considerar Cristina Semblano, ressalvando que “a pobreza não foi provocada pelo coronavírus nem pelas medidas sanitárias decorrentes do coronavírus”, mas que foi simplesmente “amplificada” porque “já existia uma extensa pobreza e desigualdades na repartição do rendimento antes desta pandemia”. Porém, a situação foi agravada e fala-se cada vez mais nos “novos pobres” vítimas colaterais da pandemia da Covid-19. Pela primeira vez em 20 anos, a pobreza extrema vai aumentar este ano. De acordo com um relatório do Banco Mundial publicado em Outubro, entre 88 milhões e 115 milhões de pessoas vão passar a fazer parte deste patamar em que se vive com menos de 1,90 dólares por dia (1,62 euros). Em função do nível da recessão, o número total de pessoas a viver na miséria em 2021 poderá ser de 150 milhões. “É evidente que esta pandemia e a forma como ela foi gerida vai provocar novos pobres”, resume a economista. Em França, 2,2 milhões de pessoas vivem com menos de 708 euros por mês, algo que para o Observatório francês das Desigualdades é “uma miséria” tendo em conta que se trata de “um dos países mais ricos do mundo”. Em 2018, a França tinha 9,3 milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza e as associações de caridade avisam que o número pode subir em um milhão até ao final do 2020. O PIB deve cair 10% este ano e, em termos de emprego, em Setembro o número de desempregados aumentou 360 mil e até ao fim do ano o aumento deve situar-se entre 800 mil a 900 mil. “Há novos pobres que são pessoas que a pandemia arrastou para a pobreza. São pessoas que afirmam só comer uma refeição por dia. Os pedidos de ajuda alimentar explodiram, a distribuição de ajuda alimentar também tem aumentado muito”, acrescentou. Nas cidades, a pobreza é mais visível e “atinge particularmente os jovens”, como jovens trabalhadores e estudantes que tinham trabalhos precários ou não declarados que desapareceram com as restrições causadas pela pandemia. “Aqui na Cidade Universitária de Paris que está a um quilómetro de minha casa, há estudantes com fome que recorrem às ajudas alimentares do Socorro Popular e outras associações.” Para Cristina Semblano, em vez do plano de retoma económica de cem mil milhões de euros se basear nas “ajudas públicas às empresas” em França, este deveria antes direccionar-se para ajudar as famílias e para os mais vulneráveis. “Esta pandemia veio mostrar todas as deficiências estruturais destes países governados pelo neoliberalismo. Apesar disso, a linha continua a ser a mesma e se continuar a mesma é evidente que o número de pobres, o número de pessoas precárias, a incerteza da situação das pessoas vai ser cada vez maior", alerta a economista que ensina na Universidade Paris 3 Panthéon Sorbonne.

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Moratória aos créditos bancários em Cabo Verde prorrogada até 2021

12/18/2020
A moratória aos créditos bancários em Cabo Verde, aplicada desde Abril devido à pandemia de covid-19 prevista para terminar a 31 de Dezembro desde ano, vai ser prorrogada até o terceiro trimestre de 2021. Este foi um caso comentado à reportagem de Odair Santos por Jorge Maurício, presidente da Câmara de comércio do Barlavento cabo-verdiano. O anúncio foi feito pelo vice-primeiro ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, durante a discussão na Assembleia Nacional da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2021. Em entrevista à RFI, o novo presidente da Câmara de Comércio de Barlavento, Jorge Maurício, disse que a medida do governo de estender a moratória aos créditos bancários vai possibilitar às empresas ganharem mais liquidez. Ainda para enfrentar a maior recessão económica da história de Cabo Verde independente, devido à crise provocada pela pandemia de covid-19, o governo anunciou o alargamento do lay-off simplificado até março do próximo ano. O presidente da Câmara de Comércio de Barlavento, Jorge Maurício, disse à RFI que a agremiação empresarial do norte de Cabo Verde já apresentou algumas propostas ao governo para a medida de suporte ao emprego. Jorge Maurício que foi eleito em Setembro como novo presidente da Câmara de Comércio de Barlavento, mas empossado há uma semana no cargo aponta o relançamento da economia após a crise pandémica da COVID-19, a sobrevivência das empresas e a manutenção dos postos de trabalho como algumas das prioridades do seu mandato, mas sobretudo quer a agremiação empresarial seja o suporte das empresas do norte de Cabo Verde.

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Mudança à vista no porto de Bissau

12/11/2020
Em condições normais o porto comercial de Bissau costumava receber pelo menos 8 navios de transporte de mercadoria importada para a Guiné-Bissau. Mas, dadas as circunstâncias motivadas em parte pela pandemia da Covid-19, mas sobretudo dado ao facto de o porto estar sem dragagem há mais de 40 anos, com uma quantidade considerável de lixo submerso, se chegarem agora ao porto três navios por mês "já é muito". Quem fez estas revelações à RFI é o director da Administração dos Portos da Guiné-Bissau (APGB), Felix Nandungê. Com o apoio financeiro do BOAD (Banco de Desenvolvimento da África Ocidental), o Governo guineense conseguiu um financiamento de 15 mil milhões de francos CFA para os trabalhos de limpeza, dragagem e sinalização de vias de acesso marítimo ao porto. Os trabalhos já iniciaram com uma empresa portuguesa, mas vão se intensificar em Janeiro rumo à dragagem do porto.

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