RFI CONVIDA-logo

RFI CONVIDA

RFI

Entrevistas diárias com pessoas de todas as áreas. Artistas, cientistas, professores, economistas, analistas ou personalidades políticas que vivem na França ou estão de passagem por aqui, são convidadas para falar sobre seus projetos e realizações. A conversa é filmada e o vídeo pode ser visto no nosso site.

Location:

Paris, France

Networks:

RFI

Description:

Entrevistas diárias com pessoas de todas as áreas. Artistas, cientistas, professores, economistas, analistas ou personalidades políticas que vivem na França ou estão de passagem por aqui, são convidadas para falar sobre seus projetos e realizações. A conversa é filmada e o vídeo pode ser visto no nosso site.

Language:

Portuguese


Episodes
Ask host to enable sharing for playback control

Diretor prepara documentário sobre atletas paralímpicos brasileiros de alto rendimento

9/6/2024
As histórias, pessoais e profissionais, de atletas brasileiros de alto rendimento, são o tema da série “Da Inclusão ao Pódio”, do diretor André Bushatsky, contadas em quatro episódios, pela ocasião das Paralimpíadas de Paris. O projeto vai ser transformado em um documentário, que será lançado em dezembro deste ano. O diretor André Bushatsky está na capital francesa acompanhando a Paralimpíada e coletando material para seu próximo projeto, que será lançado em dezembro. Será um documentário sobre alto rendimento, com personagens que estão competindo em Paris 2024 como Beth Gomes (atletismo); Raֵíssa Rocha (atletismo); Petruccio Ferreira (velocista); Carol Santiago (natação); Cássio Lopes (futebol de cegos) e Bruna Alexandre (tênis de mesa). Mas enquanto assiste os atletas brasileiros conquistarem medalhas, ele comemora a repercussão da série “Da Inclusão ao Pódio”, exibida pelo canal Sportv e pela Globo Play. Ele conversou com a RFI sobre o projeto, que teve início com uma visita ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em São Paulo. “Surgiu a ideia de fazer um filme, mas o primeiro projeto que achamos que poderia nascer dessa parceria (com o CPB) era a série. Começamos com quatro episódios. O primeiro fala sobre as crianças e chama ‘Tire as crianças de casa’, e tem esse nome porque durante as pesquisas percebemos que muita gente que tem o filho com alguma deficiência não quer tirar de casa. E pensamos que seria legal mostrar, fazer um esporte, mostrar para a sociedade, incluir e falar a respeito. Um outro fala da inclusão no mercado de trabalho. Outro mostra esse movimento paralímpico no Brasil, espalhado por todos os estados brasileiros, e o último fala do alto rendimento”, contou. Desafios Bushatsky explica que um dos seus maiores desafios na preparação da série foi escolher os personagens. Para ele, muitos temas podem ser abordados a respeito do esporte paralímpico, mas escolher os atletas e limitar todo o material captado no tempo de cada episódio foi o mais difícil, mesmo que uma segunda temporada faça parte dos planos. “Primeiro foi escolher quem estaria nos quatro primeiros episódios. O outro foi saber quem ia dar o coração desses episódios, porque senão fica uma coisa muito didática. As pessoas gostam de informação, mas o que capta mesmo a emoção é o coração, são os personagens. Então, junto com o Comitê, nós tínhamos muitas histórias para contar, mas escolher quem deveria estar ali, acho que foi o maior desafio”, disse André. Tendo ultrapassado o número de ingressos vendidos na Paralimpíada do Rio de Janeiro em 2016, os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 também têm surpreendido pela adesão do público, o que gera maior visibilidade dos esportes e dos atletas. O diretor comentou esse reconhecimento dos espectadores na capital francesa. “Quando começamos a ler a respeito, do que seria feito dentro de Paris, primeiro nos perguntamos como funcionaria, em termos de transportes, etc. Mas tudo está indo tão bem, os próprios franceses resolveram ficar para prestigiar. É um clichê, mas a Cidade-Luz está iluminando o movimento Paralímpico e trazendo o que a gente mais precisa, que é a discussão saudável sobre todos os assuntos”, comemorou. “A gente tenta não falar tanto da deficiência” Ao citar as adversidades enfrentadas pelos atletas paralímpicos, o diretor André Bushatsky destaca que a ideia, tanto da série quanto do documentário, é mostrar mais os personagens e menos as deficiências. “A gente tenta não falar tanto da deficiência em si. São tratados como devem ser tratados, como grandes esportistas, crianças, profissionais. E é interessante ver o brilho nos olhos de todos eles, a perseverança, o querer fazer. É claro que, por trás de tudo isso tem dificuldades no Brasil, como no transporte, nas questões ligadas à área social, que são complexas. Mas são personagens incríveis que estão fazendo acontecer”, disse. Literatura André Bushatsky lançou recentemente um livro chamado “Pigalle”, sobre o lendário bairro...

Duration:00:12:01

Ask host to enable sharing for playback control

Mãe ‘narradora’ e filho premiados pela Fifa por exemplo de inclusão, celebram o Brasil em Paris 2024

9/5/2024
Conhecidos por sua trajetória de inclusão e amor ao esporte, Nickollas e Silvia Grecco acompanham as Paralimpíadas de Paris 2024 e prestigiaram a Casa Brasil, espaço voltado para os torcedores na capital francesa. A história de mãe e filho ganhou destaque em 2018 na imprensa, ao mostrar Silvia narrando os jogos para Nickollas, que tem deficiência visual, para ele poder acompanhar do estádio os jogos do Palmeiras, seu time de coração. Depois do destaque, em 2019 eles ganharam o prêmio Fifa Fan Award, dedicado aos torcedores e fãs de futebol de todo o mundo, coroando essa trajetória. Em entrevista à RFI na Casa Brasil Paralímpico, em Saint-Ouen, nos arredores da capital francesa, Silvia ressaltou a importância da inclusão através do esporte para pessoas com deficiência. “Eu e o Nickollas somos torcedores do Brasil e do nosso querido Palmeiras, o Verdão. Eu sou a ‘mãe narradora’ do Nickollas, que narra todos os jogos para ele. Nós ganhamos o prêmio da Fifa como melhores torcedores do mundo. A premiação foi muito importante, mas ainda maior por dar visibilidade à causa. Nós queremos que o mundo saiba, da importância que é olhar para as pessoas com deficiência, sem dó nem piedade, mas como pessoas mesmo que são, o que antecede sua deficiência", explica. "Então, nós dois estamos andando o mundo, sempre levando nossa bandeira da pessoa com deficiência. Hoje, estamos aqui (em Paris) representando a cidade de São Paulo nas Paralimpíadas. Também trazendo este mesmo tema: o protagonismo da pessoa com deficiência”, acrescentou Silvia. Além da torcida O envolvimento deles com o esporte vai além das arquibancadas. Nickollas treina natação no centro do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e “vive muito o esporte no seu dia a dia”, conforme conta a mãe. Tímido, ele não quis falar com a reportagem, mas confirmou que está aproveitando bastante os Jogos de Paris. Diante da tradição que o país tem no evento, a expectativa dos dois de poder comemorar muitas medalhas é alta e vem se confirmando, graças ao excelente desempenho dos atletas brasileiros. Mas, quando se trata de Paralimpíadas, um esporte ocupa o lugar mais alto do pódio no coração de mãe e filho. “Nós gostamos de todos os esportes, mas o Nickollas e eu somos muito fãs do futebol de cegos e, se Deus quiser, a gente vai estar na final comemorando uma medalha de ouro, além de tantas outras no futebol de cegos também”, projeta Silvia. A final do futebol de cegos acontece no sábado, 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil. Se tudo der certo, Silvia e Nickollas, assim como milhões de brasileiros, vão poder comemorar o hexacampeonato do país na modalidade em Paralimpíadas. Leia tambémTorcida organizada do Brasil anima Paralimpíadas de Paris dentro e fora das arquibancadas

Duration:00:05:50

Ask host to enable sharing for playback control

Escritor suíço apaixonado pelo Brasil lança livro sobre tio-avô que explorou o mundo no século 20

9/4/2024
O escritor e jornalista Patrick Straumann lançou o livro “L'Homme en mouvement” ("O homem em movimento", em tradução livre, mas sem versão para o português), no qual o autor relata as andanças da vida do tio-avô Paul (1905-1995), personagem que se aventurou por todos os continentes no século passado. A partir dos relatos de família, que mais pareciam lendas sobre o parente viajante, Patrick decidiu pesquisar a fundo e confirmar os eventos da vida do irmão de seu avô. Suíço de nascimento, francês por escolha e brasileiro de coração, Patrick Straumann é poliglota, mas confessa que a Língua Portuguesa é uma das que considera mais bonitas e que o Brasil é a sua escolha preferida para passeios em família desde 1992, quando visitou pela primeira vez o país de sua esposa e de seu filho, nascido em Paris. O escritor se considera um amante de viagens, mas não ousa se comparar ao tio-avô Paul (nascido com sobrenome Reichstein, mais tarde transformado em Ritchie), cuja vida conduz a obra biográfica que acaba de publicar pela editora Compagnie, na França. “Uma amiga descobriu o livro e me escreveu ‘eu senti um laço de família’. Eu fiquei muito feliz, mas não, a minha vida é totalmente diferente da dele, apesar de eu gostar muito de viajar sobretudo no Brasil”, conta Patrick. Straumann destaca que mesmo com as possibilidades de conhecer outros países na América do Sul ou outros continentes, acaba sempre por escolher alguma cidade brasileira para desbravar ou repetir a experiência. “O tempo que eu passo no Brasil todos os anos é muito importante”, diz. As cartas do tio-avô viajante O personagem do livro também passou pelo país de eleição do autor. Segundo Patrick, as particularidades da visita do tio-avô ao Brasil foram descobertas através de uma carta emocionante na qual Paul relatou ao seu irmão mais velho os momentos de um reencontro com um amigo de infância suíço em São Paulo. “Depois ele fez uma viagem e atravessou o Mato Grosso a cavalo. Eu adorei essa história porque tem esse contraste entre a liberdade total dele de pegar um cavalo e conhecer essa região imensa e, do outro lado, o irmão, que tem uma boa vida, uma boa carreira, mas que fica preso em um escritório na Suíça”, compara. Em uma crítica sobre o livro, o jornal francês Le Monde traz uma curiosidade: o irmão mais velho e apoiador inabalável de Paul, o “Tadzik” da Basileia, Tadeusz Reichstein (1897-1996) foi ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia de 1950 por seu trabalho sobre cortisona e vitamina C. Os irmãos eram de família polonesa-judaica estabelecida na Suíça. Os detalhes minuciosos de cada página, que fazem o leitor viajar o mundo com Paul através da percepção de seu sobrinho-neto, quase 30 anos depois de sua morte, só foram possíveis graças às correspondências e cartões postais que Paul enviava aos familiares com frequência. Além de pesquisas de arquivos e registros documentais que Patrick Straumann conseguiu levantar junto aos órgãos que tinham informações sobre Paul. “As cartas me deram os detalhes da vida dele, que dão o sabor e a veracidade ao texto (...) Dá para sentir como esse homem viveu no século passado, dá para fazer entender como a vida era no século 20. Era muito importante para mim poder dar os detalhes da vida dele para o leitor poder se projetar nessa vida que era tão diferente da nossa”, explica o jornalista. A lenda se torna realidade “Ele (Paul) era um mito na minha família. Tirando meu avô, para os outros, como ele passou quase a vida inteira em outros continentes fora da Europa, ele não era muito conhecido. A família projetava muitas coisas em cima da vida dele, o que aumentou a fama dele. Quando eu comecei a conhecer mais a vida dele através das cartas, eu vi que quase tudo era verdade, era verídico. As viagens de navio, a família que ele tinha na Rússia. Eu descobri muita coisa também através de arquivos da Cruz Vermelha. Eu fiz muita pesquisa da vida dele justamente porque tinha esse mito na família, mas eu não queria contar um mito,...

Duration:00:06:08

Ask host to enable sharing for playback control

Macron age “como se nada tivesse mudado”, critica deputada franco-brasileira

8/27/2024
A franco-brasileira Céline Hervieu foi eleita para um primeiro mandato como deputada nas eleições parlamentares antecipadas de 7 de julho na França pelo Partido Socialista (PS), que integra a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP). No dia seguinte da recusa do presidente francês em nomear ao cargo de primeiro-ministro o nome indicado pela NFP, a parlamentar disse em entrevista à RFI que Emmanuel Macron age “como se nada tivesse mudado”. Céline Hervieu, de 31 anos, é filha de pai francês e mãe brasileira. Ela nasceu em Paris, mas viaja ao Brasil todos os anos para visitar a família. Pediu desculpas pelo português hesitante, chegou a pensar em fazer a entrevista em francês, mas acabou respondendo a todas as perguntas na língua da mãe. Psicóloga de formação e militante em defesa dos direitos dos migrantes e refugiados, ela foi vereadora de Paris de 2020 até este ano. Ela estreia na política nacional francesa em um momento de impasse político, sem a indicação de um novo primeiro-ministro. Há um mês e meio o país é dirigido por um governo interino. As eleições legislativas antecipadas, convocadas por Emmanuel Macron após a vitória do Partido Reunião Nacional, de extrema direita, nas eleições europeias, elegeram um Parlamento dividido. Três grandes blocos compõem a casa e, até agora, nenhum deles conseguiu formar maioria. A NFP, que elegeu o maior número de deputados e reivindica a vitória, indicou, em julho, Lucie Castets para o cargo de primeira-ministra. Para Céline Hervieu, o resultado das urnas foi claro. “O resultado mostrou uma coisa muito importante. Os franceses rejeitam a extrema direita, por um lado, e a política de Emmanuel Macron, por outro lado”. Recusa de nomear Castets Após consultas com líderes partidários, o presidente Emmanuel Macron se recusou nessa segunda-feira (26) a nomear a candidata da esquerda para garantir a "estabilidade institucional" do país. “Na verdade, ele (Macron) não consegue aceitar os resultados dessas eleições. Ele quer continuar como sempre, como se nada tivesse mudado”, critica a deputada socialista Como outros líderes da esquerda, Céline Hervieu considera essa posição do presidente francês como um “golpe antidemocrático” e um desrespeito ao voto dos franceses. “Ele (Macron) não aceita, não respeita o voto do povo francês que quer uma mudança grande no país e nas políticas públicas”, afirma, garantindo que seu campo está preocupado com a estabilidade do país e espera uma mudança em breve. O presidente francês lançou uma segunda rodada de consultas, pedindo aos partidos que tentem formar coligações de governo. O Partido França Insubmissa, de esquerda radical, e o Reunião Nacional, de extrema direita, foram excluídos. No início de seu mandato, Céline Hervieu, que se considera uma social-democrata, defendeu negociações com outras correntes políticas para a formação de um governo. Ela continua defendendo “discussões com outros partidos”, mas detalha que elas devem começar em torno do “programa da esquerda” que ganhou a eleição e não da “política de Emmanuel Macron”, que foi recusada nas urnas. A esquerda já convoca manifestações para defender o resultado das eleições e forçar o presidente “a mudar de posição” “Temos de continuar a mobilização, a pressão. Na França, o povo decide o destino político. A França é um grande país democrático e isso tem que ser respeitado”, pontua. Temporada cruzada França-Brasil França e Brasil organizam para o ano que vem uma temporada cultural cruzada entre os dois países. Céline Hervieu acompanha a organização do evento e “vai apoiar” o máximo que puder todos os projetos. Ela não acredita que a situação de bloqueio político atual na França comprometa a organização dessa temporada cruzada França Brasil em 2025. “A programação é feita com muitos atores da sociedade civil, associações, grupos informais. A comunidade brasileira na França também vai ajudar. Então, felizmente, eu acho a situação política nacional não vai impedir os projetos de se...

Duration:00:14:25

Ask host to enable sharing for playback control

Fotógrafa francesa vai em busca de família brasileira para construir memórias afetivas

8/27/2024
A fotógrafa francesa Juliette Malveau Amado, descendente de portugueses, queria saber mais sobre o lado brasileiro da família. Com poucas pistas, ela começou a traçar uma árvore genealógica afetiva, a “Amada Família”. Patrícia Moribe, enviada especial a Arles “Tudo começa com a história da minha mãe, que nasceu em Portugal e que não foi reconhecida pelo pai dela. Então tem toda uma história, quase uma lenda ao redor do pai dela, que se chamava José Amado e que todo mundo chamava de o brasileiro da cidade. Fiquei muito interessada com talvez ter uma família no Brasil, ter primos lá”, conta Juliette Malveau Amado. Sem pistas, ela resolveu fazer um teste de DNA e ter como ponto de partida as áreas que figuravam nos resultados. “E assim fui a lugares no Nordeste e no Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife. Todas essas cidades que eu não conhecia nada a respeito e que agora eu sei que têm um pouco de mim. Eu fui fotografando esses lugares, essas cidades, a natureza. E depois eu fui pesquisando o nome de família Amado no Brasil inteiro e assim eu criei uma família imaginária”, relata. Um dos personagens mais marcantes que Juliette encontrou foi Jorge Amado de Alagoinhas, na Bahia, que agora ela chama carinhosamente de tio. “Ele parece até um personagem de Jorge Amado e tem até uma ligação com a literatura, pois é poeta”. A fotógrafa também cita Maria Amado, de uma pequena cidade chamada Pedra, no sertão pernambucano. “Foram muitas horas de carro até chegar lá e o encontro com ela foi muito especial, pois ela ficou tocada que alguém de tão longe valorizasse a vida e a cidade dela. Foi um encontro lindo.” “Amada Família” já foi tema de três exposições em Paris. A série também foi exposta em Recife, na galeria Janete Costa, na Aliança Francesa, de Salvador, e Casa Estação da Luz, de Olinda. “Foi quase uma turnê pelo Nordeste para honrar também esse território e esses lugares que são os lugares dos Amados”, conclui Juliette.

Duration:00:05:25

Ask host to enable sharing for playback control

Brasileira desenvolve rede de satélites para fornecimento de imagens de alta resolução

8/26/2024
A empresária baiana Aila Raquel Ribeiro, CEO e fundadora da startup Alya Space, desenvolve desde 2019 um projeto ambicioso de criação de uma constelação de satélites capaz de oferecer monitoramento e imagens de alta resolução para diversas finalidades econômicas e ambientais. Atualmente, Aila negocia com agências espaciais uma janela para o lançamento do primeiro satélite da série, em dezembro. Aila não tem graduação em engenharia aeronáutica, tampouco em astronomia, matemática ou física. Mas como arquiteta e urbanista de formação, ela explica que a ideia de criar sua empresa surgiu quando precisou de imagens de alta precisão para um projeto no qual trabalhava e as fotografias disponíveis no mercado eram demasiado caras para serem compradas a partir do Brasil. "Eu percebi que havia um gap muito grande sobre não termos satélites brasileiros para fazermos imagens brasileiras e, portanto, ter aquele preço acessível a qualquer brasileiro", conta. A constelação criada pela Alya Space irá oferecer serviços de monitoramento de dados e imagens em qualquer condição climática, quase em tempo real, para aproveitamento em atividades agrícolas, de mineração, petróleo e gás, em projetos de proteção ambiental, acompanhamento de desastres, bem como na criação de cidades inteligentes do futuro. O sistema imaginado pela empreendedora baiana combina sensoriamento remoto óptico com tecnologia de radar. Em três anos, a startup quer posicionar 216 satélites de baixa órbita e alta frequência, em duas fases – Alya 1 e Alya 2, de 108 satélites cada –, conectados a bases terrestres. "Eu desenhei minha missão no Instituto de Estudos Avançados da Força Aérea. Junto com um físico do instituto, a gente viu quanto eu precisava em número de satélites para alcançar uma excelente cobertura para o propósito que eu queria." Há muitas áreas do Brasil que não são cobertas por satélites estrangeiros. "Muitas vezes, a gente ressente desses dados históricos para fazer comparações com os dados atuais", constata a empresária. Por isso, ela planeja "uma cobertura fantástica do Brasil", que pode ser útil tanto para atores do setor público quanto privado. "Aquelas fotos que são adquiridas gratuitas têm 10 m de resolução por Pixel. A minha vai ter 50 cm de resolução por Pixel. Esse é o grande diferencial, porque a acurácia das imagens é muito grande. O outro diferencial é o preço", enfatiza. Fabricante em Hong Kong "O parceiro atual que está desenvolvendo, integrando os meus satélites e me auxiliando em todo o passo a passo até chegar ao satélite em órbita é a Hong Kong Aerospace Technology Group", detalha a empresária. Ela conta ter escolhido este fabricante asiático depois de ampla pesquisa no mercado internacional. O critério decisivo para a escolha, segundo Aila, foi a capacidade de produção massiva dos satélites. "Eu tinha procurado por toda a Europa. Ainda não tinha encontrado uma empresa que pudesse fazer uma integração tão rápida e massiva e com alta qualidade [como] o que encontrei em Hong Kong. Hoje em dia, eles têm o ISO e uma automação fantástica, utilizam a inteligência artificial e muita robótica", destaca. "Nesse momento, acabamos de integrar o meu primeiro satélite. Ele já está pronto, já fizemos os testes de vibração, de radiação, de tudo o que a gente precisa fazer. Agora, a gente só está esperando a data do lançamento", indica. De acordo com Aila, o custo de um satélite da constelação está estimado atualmente em € 1,2 milhão (cerca de R$ 7,3 milhões), incluídas as despesas de licenciamento, lançamento, integração dos sensores e cada sensor. Seleção de parceiros Neste momento, a empresária faz contatos com lançadores internacionais. "Na França, conversei com a Agência Espacial Francesa para ver se consigo também lançar alguns dos nossos satélites pela Guiana Francesa, até esperar que no Brasil, em Alcântara, já esteja liberado", relata. "Gosto muito da Índia e também estou olhando para a Rússia", assinala, acrescentando que, depois do...

Duration:00:06:21

Ask host to enable sharing for playback control

Atriz brasileira Thais Sobreira encerra filmagem de comédia dramática americana no sul da França

8/24/2024
A ex-bailarina e atriz carioca Thais Sobreira acaba de terminar a filmagem de "Her Song", a nova comédia dramática do roteirista e diretor americano John M. Keller, ambientada num vilarejo dos Pirineus, no sul da França. No longa-metragem que tem entre os produtores executivos o grande cineasta americano James Ivory, 96 anos, Thais interpreta o papel de Fabíola, escrito especialmente para ela depois de sua participação no curta-metragem "The White Stuff", do mesmo diretor. "Eu tive a honra de ter sido convidada a integrar o elenco de 'Her Song' ao lado de atores e atrizes de peso e muito diversos", disse Thais Sobreira em entrevista à RFI. No filme, a personagem principal, Olívia, uma nova-iorquina franco-americana, retorna aos Pirineus para escrever a história da avó dela, que participou do êxodo de franceses que se refugiou nessa região montanhosa durante a Segunda Guerra Mundial para fugir da ocupação nazista. Chegando a Antichan-de-Frontignes, o vilarejo onde o longa é ambientado, perto da fronteira com a Espanha, Olívia (Kalki Koechlin) encontra a francesa Madeline (Eléa Clair), que se torna a sua musa. A tranquilidade do lugar – "lindo, lindo", na descrição de Thais – se transforma com a chegada da brasileira Fabíola, uma artista vinda de Paris e melhor amiga de Olívia. "O filme traça um paralelo entre o êxodo de 1940 com a situação que acabamos de viver com a pandemia", explica Thais. De acordo com a atriz carioca, o roteirista e diretor John M. Keller é um nova-iorquino que gosta muito do Brasil. "Ele viveu em vários lugares do mundo e tem muito esse entendimento do humor de lugares diferentes, dessa diversidade", destacou Thais. No elenco, ela encontrou artistas com quem já havia contracenado no curta "The White Stuff", como Zach Grenier, que participou de séries americanas conhecidas e filmes de Hollywood. Thais destaca o trabalho da francesa Kalki Koechlin, que interpreta Olívia, "uma atriz extradordinária, muito generosa, uma grande estrela em Bollywood". O elenco de grande diversidade conta ainda com o brasileiro Aldo D'Ibaños e com a francesa Marie-Christine Adam, entre outros intérpretes. As filmagens duraram cinco semanas e o longa ainda não tem data de estreia prevista nos cinemas. Poliglota e versátil Com uma carreira construída inicialmente no universo do balé clássico, Thais foi aluna da russa Gabriela Komlieva no prestigiado Conservatório Rimsky-Korsakov de São Petersburgo. Além do talento para a dança e o cinema, a brasileira também é uma soprano lírica com formação em ópera clássica, capaz de se apresentar em vários estilos, entre eles musicais. Versátil, ela fala quatro idiomas – português, russo, francês e inglês –, faz dublagens de filmes e empresta sua voz para museus e marcas internacionais. Depois de ter passado 15 anos na França, Thais mora atualmente em Nova York e continua aberta a novos projetos. "Existem algumas possibilidades em andamento em relação a trabalho de voz e em relação a uma série para a TV americana", contou. Ela ainda dedica parte de seu tempo ao trabalho humanitário, como membro do conselho do Presidio Dance Theatre de São Francisco, uma companhia de dança fundada nos anos 1990. Em São Francisco, Thais promove seminários de dança e acompanha crianças em situação de precariedade social. "São crianças que não têm necessariamente acesso à cultura e a gente faz um trabalho com a dança, inclusive de acompanhamento em turnês internacionais", ressalta. Segundo Thais, a companhia está passando por um período de reformulação. "Eles têm uma parceria com a Unesco e acho que, entre esse ano e o ano que vem, vão ter bons frutos desse trabalho que também é importante para mim", diz, com satisfação.

Duration:00:06:08

Ask host to enable sharing for playback control

Projeto premiado de fotografia explora fenômenos de conspirações e fake news ligados à Bolsonaro

8/22/2024
O fotógrafo paulista Rafael Roncato apresentou o livro “Tropical Trauma Misery Tour” na feira de livros dos Encontros Fotográficos de Arles, no sul da França. A primeira semana do evento, ainda no começo de julho, foi marcada por atividades profissionais, com presença de artistas expostos, mostras paralelas e debates. Patrícia Moribe, enviada especial a Arles “Tropical Trauma Misery Tour” foi vencedor do prêmio Dummy Award em 2023, o antigo Prêmio Kassel para projetos de livros de fotografia. “O livro desenvolve minha tese de mestrado, que é sobre o governo Bolsanaro – não apenas sobre o que aconteceu no governo Bolsonaro, mas o que foi feito para que ele conseguisse chegar à presidência do país”, explica Rafael Roncato. Ao tratar de uma especificidade do Brasil – o Bolsonarismo – o livro de Roncato mostra que o fenômeno é internacional. “Na minha pesquisa eu lido com a propaganda digital - network propaganda. E como as táticas e os métodos das milícias digitais foram muito utilizados para essa expansão da extrema direita, não só no Brasil, como no mundo”, diz o fotógrafo, citando outros líderes populistas como Donald Trump, dos Estados Unidos, e Viktor Orbán, da Hungria. O objetivo foi “decifrar e decodificar como a imagem foi utilizada para, de fato, alcançar o cargo de presidente no Brasil”. Leia tambémExtrema direita usa cada vez mais inteligência artificial para disseminar fake news Um dos fatos explorados por Roncato é a suposta facada recebida por Bolsonaro durante a campanha em Juiz de Fora e o uso das teorias de conspiração. “Eu olho para esse evento da facada, não como tentando descobrir se é verdade ou não, mas acreditando que tudo aquilo, sim, de fato é verdade, assim como toda a performance política e do que se desvendou depois, todos os desdobramentos, usando formas de manipulação e basicamente se escondendo atrás das telas”. Cores da bandeira usurpadas O livro de Rafael Roncato cabe no bolso, mas o conteúdo extrapola o tamanho, com mais de 300 páginas, com explosões de cores. “Eu parto muito das cores primárias da bandeira do Brasil, até porque um dos capítulos da minha tese eu comento que as cores foram roubadas do país, uma apropriação da bandeira, das cores do símbolo nacional, isso sendo de extrema direita ou de direita. E isso acaba sendo o grande mote do livro”. Baseado na Holanda, Roncato não pôde viajar para o Brasil durante a pandemia. Para dar prosseguimento ao projeto, ele optou por trabalhar em um estúdio, usando um ator com vaga semelhança com o presidente extremista e muita cor verde. “Então eu usei o estúdio meio como uma forma de espaço para poder criar sem poder estar no Brasil. Eu também lido com apropriação de notícias e de imagens”, detalha. “É um material não só plural, mas esquizofrênico também”. O autor buscou também tentar passar a sensação que o brasileiro teve durante mais de quatro anos. “Um sentimento de impotência”, diz, principalmente diante de cada vez mais fake news. Ele conta que as reações de estrangeiros ao livro são, a princípio, de confusão. “E foi confuso, foi absurdo!” Roncato destaca ainda que a estratégia de usar um ator para encarnar o ex-presidente evidencia o jogo político, deixando claro que é uma atuação. “O próprio ator – um holandês – disse para mim que um governo de extrema direita ou alguém como Bolsonaro nunca chegaria ao poder na Holanda. Estamos em 2024 e o governo holandês é quase majoritariamente de extrema direita”, observa.

Duration:00:06:15

Ask host to enable sharing for playback control

Cineasta selecionada para residência artística em Paris desenvolve projeto sobre cidade mineira

8/21/2024
Fundadora do Instituto Nicho 54, que apoia a carreira de profissionais negros e negras no setor do audiovisual do Brasil, a cineasta e produtora brasileira Fernanda Lomba está em Paris trabalhando na primeira fase de seu novo filme. Ela foi selecionada para participar recentemente de uma residência artística na Cité Internationale des Arts, renomada fundação da capital francesa, que acolhe projetos do mundo inteiro. Fernanda contou que a ideia do filme nasceu com uma viagem que realizou à Minas Novas (MG), de onde são originários seus bisavós e avós maternos. Da união de suas experiências pessoais a pesquisas históricas sobre a cidade nasceu o projeto do longa-metragem “Tale of Gold” (“Conto de Ouro”, em tradução livre). “O que eu estou tentando fazer nesse filme, enquanto cineasta e com o repertório que eu tenho de produtora, com uma carreira que hoje acontece no Brasil, mas acontece fora também, é fazer uma junção entre a minha história e a história do Brasil”, explica. A produção está no estágio inicial de desenvolvimento, “mas já há um coração desta história”, adianta a cineasta. Apesar de o enredo ser ficcional, ele se alimenta de acontecimentos registrados em Minas Novas em 1847. Na época, teve início na cidade um controverso programa, dentro da transição do Brasil Colonial para o contemporâneo, quando a mineração do ouro não era mais produtiva e que abriu espaço para a agricultura. Fernanda descobriu que essa foi uma das primeiras experiências de cooperação pública-privada no Brasil, com uma implementação de uma política de território que previa a domesticação das comunidades nativas por meio da religião católica, além da restituição dos negros escravizados que haviam conseguido fugir de senhores de engenho. “Quando se faz um link dessa relação com a política de território, inquisitorial, de colônia, você consegue conectar uma série de diretrizes desse Brasil nascente: o que ele pensava em determinar para si e como progresso”, diz. Bisavó é protagonista Um dos pontos-chave da trama é quando um rio da região passa a ser utilizado como via de transporte de mercadorias. A iniciativa foi liderada por um empresário europeu que impactou na vida da população negra e indígena do local. Já a protagonista do enredo é baseada na bisavó de Fernanda, Josina, cujas memórias vieram à tona com a descoberta de um retrato dela, na viagem que a cineasta fez a Minas Novas. “Eu não a conheci, mas sempre senti uma conexão tremenda com ela. Ouvia uma história e outra quando criança sobre ela, que me chamava muito a atenção. Foi uma mulher que nasceu em 1910 e teve quatro filhos de três homens diferentes, no interior do Brasil, que se sustentou por conta própria e que tinha uma série de magias e manejo da vida”, diz. A redescoberta da história de Josina foi tão valiosa para Fernanda que não apenas sua bisavó foi escolhida para ser o personagem central de seu projeto, como o célebre retrato encontrado em Minas Gerais foi trazido à França para a residência da cineasta na Cité Internacionale des Arts. Em sua conta no Instagram, Fernanda posta fotos do quadro com a imagem da bisavó em diversos pontos de Paris. “Ela está aqui e tem passeado comigo. Ainda que seja no campo simbólico, passar esse tempo com ela tem sido um período bem poderoso para a minha imaginação e para as possibilidades que eu consigo trabalhar em cinema”, reitera. Resiliência de mulheres negras O período que Fernanda está em Paris coincidiu com os Jogos Olímpicos e Paralímpicos na capital francesa, em que atletas negras da delegação brasileira se destacaram na conquista de medalhas. No mesmo momento escolhido pela cineasta para contar a história de uma mulher negra que sobreviveu à política de segregação e racista do início do século passado, ela diz não se admirar ao ver histórias de sucesso se repetindo hoje na figura de jovens esportistas. "A cada conquista de uma pessoa preta há uma marca política de que isso pertence a todos, e aí relaciona-se essas conquistas...

Duration:00:32:07

Ask host to enable sharing for playback control

Projeto “Encontros do Cinema Pernambucano” propõe exibições e debates na Europa

8/20/2024
O cineasta recifense Thor de Moraes Neukranz apresenta em várias cidades da Europa o projeto “Encontros do Cinema Pernambucano”, com exibições e encontros com o público. Ele esteve em Paris para falar sobre a iniciativa. O “Encontros do Cinema Pernambucano” nasceu no bar Super 8, na rua Mamede Simões, no centro de Recife, como um cineclube “democrático, livre e aberto”, explica Thor Neukranz. “É uma rua conhecida pela boemia, onde se juntam os fazedores de cultura - dançarinos, atrizes, diretores. O pessoal que trabalha com comunicação sempre frequenta aquela rua. Então, foi num terreno muito fértil que a gente começou esse projeto e virou um grande sucesso”. Desde o início, no começo do ano, já foram mais de 60 sessões de videoclipes e curtas, seguidos de debates e participação do público. “As pessoas passam pela rua e ficam para assistir e lançar perguntas, o que não aconteceria de forma tão espontânea num local fechado”, explica o cineasta. “Muita coisa aconteceu de lá para cá e a cidade passou a ter muito mais cineclubes do que tinha antes. Então a gente está agitando a cena, sendo parte dessa movimentação cultural intensa do Recife”. O projeto, por enquanto financiado pelos próprios cineastas, agora faz sua primeira incursão internacional. O evento já passou por Paris e Bruxelas e segue em setembro para Berna, na Suíça, Lyon, na França e Londres, no Reino Unido. Programação variada A programação trazida para a Europa é variada e inclusiva, homenageando veteranos, como a cineasta Kátia Mesel, e destacando também uma nova geração do cinema pernambucano, como o próprio Neukranz. Mesel vai participar virtualmente do evento que acontece em Londres, em 18 de setembro, na embaixada do Brasil. Em diálogo com filmes de Mesel, como “Recife de Dentro para Fora (1997), a atriz e realizadora Malu Sá, apresenta na sessão o filme “Locations” Em Berna na Suíça, Thor apresenta o documentário “Elos da Matriarca”, um retrato sobre a sua avó e, ao mesmo tempo, um recorte social, político e religioso do Brasil. O contraponto vai ser o filme “Deslocamento, Paraíso e Caos”, da recifense Tila Chitunda, que tem raízes angolanas e vive na Suíça. Neukranz também divulga o curta inédito “It is Mine”, rodado na Normandia, no norte da França. “Fui convidado para fazer uma obra na região e foi muito interessante para mim, desse ponto de vista, de me articular e ter esse grande desafio de fazer um filme na França no idioma que não é o meu, porque também eles não falavam português. O protagonista do curta é o ator Stamilu Chaligha, da Tanzânia. A lista de filmes pernambucanos da turnê europeia traz também “Samydarsh” (1993) Adelina Pontual, Cláudio Assis e Marcelo Gomes; “Das Águas” (2023) de Adalberto Oliveira e Tiago Martins; “Ciranda Feiticeira” (2023) de Lula Gonzaga e Tiago Delácio”; e “Maracatu Maracatus” (1995) de Marcelo Gomes, entre outros.

Duration:00:06:31

Ask host to enable sharing for playback control

Artista plástica Isabelle Mesquita expõe no Rio obras inspiradas na ancestralidade negra feminina

8/19/2024
A artista plástica Isabelle Mesquita expõe no Rio de Janeiro uma série de obras inspirada na ancestralidade feminina e nas mulheres negras da sociedade contemporânea. Depois da capital carioca, a exposição “Impressões” deve percorrer o mundo e encerrar a turnê em Paris. “Estou sempre me inspirando e pensando em novas alternativas artísticas e esse projeto surgiu através de uma reflexão sobre as impressões que a gente tem na sociedade”, diz Isabelle, que mora em Paris, onde realizou a pesquisa para o projeto. “Eu fui me aprofundando mais nesse assunto e fui pensando no corpo negro, nessa mulher negra, como a gente é vista na sociedade, quais são as impressões que são passadas”, explica. Isabelle conta que trabalhou com cartões de visita, "que são as primeiras impressões que a gente dá ao outro quando encontra". “Nesse meio tempo eu pensei, eu tenho que falar do Rio de Janeiro, da nossa afrodescendência, onde tudo começa para mim, como mulher negra e, enfim, eu tinha que voltar ao Rio para poder começar de lá esse projeto”, diz. A exposição foi inaugurada no Rio de Janeiro, no bairro da Gamboa, em 25 de julho, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher negra latino-americana. Um local e uma data que para Isabelle representam “resistência”. A inspiração para o projeto veio após uma visita sobre a história do bairro oferecida pelo Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), que hoje acolhe a exposição. O circuito termina dentro do museu do instituto, que ocupa a área de um antigo cemitério clandestino, para onde os negros escravizados que não sobreviviam à dura viagem nos navios eram levados. “Nesse lugar, eu pude revisitar esse momento da ancestralidade, de todos os que vieram antes de nós”, diz. “E o Instituto Pretos Novos me abraçou e recebeu esse projeto comigo”, relata. Sustentabilidade Isabelle, que é conhecida por seu engajamento com a moda sustentável e ética, diz que seu trabalho com moda está conectado com a arte. “A gente vê nas silhuetas das mulheres negras que eu represento. Elas estão sempre com aqueles vestidos fluidos. E eu sempre utilizo a natureza como ferramenta e a cosmovisão africana da relação do ser humano com a natureza”, explica. “Essa arte é voltada para a sustentabilidade. Eu sempre falo de artivismo também, então está tudo conectado com o meu trabalho desde sempre. Eu nunca largo mão disso”, insiste. Entre as obras expostas no IPN no Rio estão um baobá de quase dois metros que, segundo a artista, representa a opressão sofrida pelo povo africano e a resistência simbolizada por mulheres referências como Teresa de Benguela ou Elza Soares. Depois do Rio, a exposição deve viajar por outros países até chegar a Paris. Para isso, a artista espera vencer questões logísticas como o transporte das obras para realizar a turnê.

Duration:00:10:50

Ask host to enable sharing for playback control

Artista brasileiro usa insultos recebidos na infância para produzir estandarte de celebração queer

8/16/2024
Desde a pandemia, obrigado a se recolher, o fotografo brasileiro Shinji Nagabe, baseado em Madri, resolveu mexer em seu arquivo de fotos e buscar outras expressões. Inspirado em uma técnica tradicional de costura japonesa e imerso em sua infância e raízes nipo-brasileiras, além da vivência na Europa (França e agora, Espanha), ele vem criando a série Dioramas, da qual ele apresentou uma parte em paralelo aos Encontros de Arles, na primeira semana de julho. Patrícia Moribe, enviada especial a Arles Batizada de “Embajada” (Embaixada), a exposição coletiva reuniu sete artistas baseados na Espanha. “Partimos da ideia de encontrar um espaço aqui em Arles para mostrar o que estamos produzindo na Espanha”, conta Nagabe. “O objetivo é vir para Arles todos os anos, com artistas diferentes e sempre com uma visão bem alternativa e bem contemporânea sobre a fotografia”, explica. Mistura de influências Em um grande estandarte carnavalesco, colorido e brilhante, o rostinho do pequeno Shinji aparece entre palavras como “Les bloco des BICHA” e “MARICÓN”. Ele conta que eram xingamentos que ele costumava ouvir desde criança. “É agora uma grande celebração da minha própria essência, do orgulho de ser uma pessoa que sempre tive muita dificuldade em aceitar”, explica. “Então hoje eu venho com esse estandarte de celebração queer”. “Eu comecei essa série de dioramas durante a pandemia. Eu não sabia muito direito o que eu estava fazendo, porque antes eu trabalhava com fotografia, pegava objetos e fazia máscaras, coisas e tirava foto. O resultado final era uma fotografia. Já que eu não podia sair, comecei meio que buscar os meus arquivos, e imprimi em tecido”, conta. “E aí comecei a fazer esse trabalho de costura de camadas, porque para mim é uma ideia de personalidade, que é feita através de camadas. E veio essa ideia de um 3D, também usando uma técnica japonesa chamada oshiê”, conta, falando de uma gueixa de tecido em relevo que havia na sala de sua mãe. “Aí eu vi que era esse o caminho. O processo de costura me relaxava a cabeça durante a pandemia”, lembra Nagabe. “Eu gosto dessa coisa seriada de pontos, um atrás do outro. Por exemplo, a palavra ‘bicha’ tem uma pérola a cada quatro pontos. É tudo meio seriado e isso me remete também à minha adolescência, quando trabalhei numa fábrica no Japão, onde tudo era repetitivo”, relata. Em 2019, Shinji Nagabe foi finalista do prêmio Descoberta Louis Roederer, em Arles, com "Republica das Bananas". Seu trabalho já foi publicado e exposto no Brasil e Europa.

Duration:00:06:02

Ask host to enable sharing for playback control

Paris 2024 deve ser 'acelerador de inclusão', com legado durável, diz presidente do Comitê Paralímpico

8/10/2024
Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, participou nesta sexta-feira (9) de uma coletiva de imprensa em Paris ao lado da prefeita da cidade, Anne Hidalgo. Em entrevista à RFI Brasil no hall do Carreau do Temple, local no coração da capital francesa onde foi instalado o Media Center de Paris 2024, ele falou sobre as expectativas para os Jogos Paralímpicos, que começam em 28 de agosto, evento que quer deixar sua marca como vitrine e herança de acessibilidade urbana. "Esse é um trabalho que foi desenvolvido nos últimos 7 anos", resume Andrew Parsons. "Foram feitas uma série de intervenções no sistema de transporte na cidade. Hoje no transporte de superfície, os ônibus são 100% acessíveis e para esta Olimpíada de Paris 2024, houve um incremento de 1000 táxis acessíveis para o período específico dos jogos", exemplifica. "Mas tem aspectos outros, por exemplo, um projeto muito interessante que se chama clube inclusivo. O objetivo é tornar 3.000 clubes esportivos na França acessíveis às pessoas com deficiência", contou Parsons. "E não são apenas para os atletas de alto rendimento, mas para os franceses com deficiência que querem praticar esporte", ressaltou. Mudança de percepção sobre a deficiência "Tem uma mudança que talvez seja a mais importante de todas, que é a mudança de percepção sobre as pessoas com deficiência nesse país. Estamos trabalhando há sete anos com o comitê organizador, o governo nacional, a cidade de Paris, em programas com escolas, em programas com os cidadãos, com associações, um diálogo permanente com as organizações de pessoas com deficiência para que esses jogos deixem um legado de mudança de percepção. Para que esse seja um país mais inclusivo, não só até a cerimônia de encerramento, mas no futuro também, que a gente tenha novas gerações com uma mentalidade diferente acerca das pessoas com deficiência", sublinhou o presidente do Comitê Paralímpico Internacional. Sobre as parcerias internacionais que viabilizaram essa mudança, Parsons cita a Organização Mundial de Saúde (OMS), "por exemplo, na promoção do esporte para as pessoas com deficiência, não só para os atletas, mas como ferramenta de promoção da saúde". "Agora vamos fazer um grande evento com a Unesco, no dia anterior e no dia da cerimônia de abertura dos jogos paralímpicos, conclamando os ministros de Esporte e os chefes de Estado que aqui estiverem para que a gente possa efetivar mudanças maiores em nível global, internacional e obviamente em nível territorial de cada um dos seus países, com o movimento paralímpico, liderando esse movimento de inclusão através do esporte", declarou. "Extrapolar o esporte" Andrew Parsons diz que o objetivo do comitê para Paris 2024 é "extrapolar o esporte". "Obviamente que nós não queremos que as pessoas com deficiência tenham oportunidades somente enquanto atletas, mas também no mercado de trabalho, na sociedade, como líderes, etc. Então o esporte paralímpico é um grande exemplo, uma grande vitrine. Mas queremos que isso transcenda para outras áreas da vida das pessoas", afirmou. "Paris como um todo evoluiu em termos de acessibilidade, tem um programa aqui que é sensacional: ele propõe que em todas a cidade existam escolas inclusivas, no máximo a 15 minutos de sua residência", conta. "Isso é uma revolução de inclusão, no país da Revolução Francesa", brinca. "Os jogos paralímpicos não são um fim em si mesmo. Após séculos de tratamento desigual às pessoas com deficiência, em sete anos você não consegue consertar tudo, mas aqui é um catalisador, um acelerador de inclusão, de uma mudança de mentalidade, de uma mudança cultural e uma mudança política", acredita. "Também a percepção de que as pessoas, os governantes sobretudo, entendam que todas as medidas para as pessoas com deficiência devem também serem levadas em consideração. Esse para nós talvez seja o legado mais importante", concluiu. A pauta da deficiência na agenda global "Nós tivemos entre Tóquio e Paris a pandemia, um evento...

Duration:00:06:30

Ask host to enable sharing for playback control

Brasileira responsável pelo legado dos Jogos Olímpicos fala sobre Paris 2024

8/2/2024
Legado é aquilo que fica. No caso dos Jogos Olímpicos, um dos grandes objetivos é que esse legado beneficie a população local como um todo e a cidade que sedia o evento. Isso é o que se quer. Foi assim no Rio de Janeiro, e não é diferente agora em Paris. A RFI entrevistou a responsável pela área de impacto e legado das Olimpíadas no Comitê Olímpico Internacional (COI), a brasileira Tânia Braga. Segundo ela, “nenhuma cidade precisa mudar. São os jogos olímpicos que se adaptam”. Valéria Maniero, correspondente da RFI Brasil na Suíça Tânia Braga, mineira formada em economia pela UFMG de Belo Horizonte, trabalha em programas de sustentabilidade de Jogos Olímpicos desde Vancover 2010. Ela atuou na preparação das Olimpíadas do Rio, de 2012 a 2016, antes de integrar o setor de impacto e legado do Comitê Olímpico Internacional. Entrevistada em Lausanne, na Suíça, local da sede do COI, Tânia Braga explicou à RFI que tem três principais funções. A primeira delas é “trabalhar com o estabelecimento das grandes linhas estratégicas em relação ao impacto dos Jogos e aos benefícios que eles criam para as cidades, para a população local”. A brasileira lembra que “em 2015, o COI criou uma agenda de mudanças chamada 'agenda olímpica 2020', que era um caminho para que os jogos se tornassem mais úteis". Com esse objetivo foi lançado o slogan "nenhuma cidade ou região precisa mudar para receber os Jogos Olímpicos. São os Jogos Olímpicos que se adaptam à cidade ou à região que está recebendo". Foi uma "mudança bastante interessante de perspectiva", avalia. Tânia Braga conta que seu trabalho de assessoria faz a "ponte entre o Comitê Olímpico Internacional e os organizadores locais para que essa visão de longo prazo permeie todo o projeto, do começo ao fim”. Visão de longo prazo Manter essa visão de longo prazo, essa “ideia de pensar que os Jogos Olímpicos não são só duas semanas”, é justamente a segunda função da brasileira no COI. O "ciclo de vida" de cada evento esportivo é pensado desde o momento em que a cidade é escolhida para sediar uma edição. "O nosso papel é fazer as perguntas, ajudar a refletir o porquê. Por que vocês querem os Jogos Olímpicos? Como eles vão ajudar vocês a acelerar as políticas públicas que a cidade precisa para o futuro?”, detalha. O terceiro papel da área de impacto e legado das olimpíadas do COI é possibilitar "a troca de informação entre as cidades que tiveram jogos no passado e as que estão se preparando, porque tem muito o que uma pode aprender com a outra”. Como exemplo, ela lembrou que no Rio 2016 houve um trabalho com o Sebrae para colocar as pequenas e micro empresas como fornecedoras do evento. “Isso inspirou a prefeita de Paris (Anne Hidalgo)” a fazer o mesmo agora, conta. Desafios e legado de Paris 2024 Tânia trabalha com as cidades-sede e outras organizações para maximizar o impacto positivo dos Jogos Olímpicos. Ela resumiu em três ideias os grandes desafios dos Jogos de Paris 2024. “A primeira ideia é mais esporte para mais pessoas perto de casa. A segunda é o maior impacto econômico de forma mais inclusiva. E a terceira é fazer melhor com menos”, especificou. A brasileira destaca que nesta Olimpíada houve um número muito menor de novas construções – 95% de todas as instalações usadas já existiam ou são temporárias. Por não ter que “construir estádio para fazer os jogos, sobrou espaço, energia, recurso para fazer um programa de cinco mil terrenos de prática esportiva de vizinhança”, ressalta. Outro ponto positivo é a preocupação com a sustentabilidade. “Paris 2024 reduziu pela metade as emissões em comparação com os jogos de Londres e do Rio, que foram bem semelhantes em termos de emissões”.

Duration:00:05:22

Ask host to enable sharing for playback control

Esperança de ouro para o Brasil em Paris 2024, boxeadora Bia Ferreira afia golpes na sede do COB

7/25/2024
Beatriz Ferreira, 31 anos, se tornou bicampeã mundial ao derrotar a colombiana Angie Valdez, levando o ouro na categoria até 60 kg da final do Campeonato Mundial Feminino de boxe na Índia, em março de 2023. Com o resultado, ela se tornou a primeira pugilista do Brasil a conquistar três medalhas em mundiais. Medalha de prata em Tóquio, em 2021, ela se prepara agora para levar a "mãe dourada de todas", a famosa medalha de ouro, como contou à RFI durante um treino na base do Time Brasil. No ano em que os Jogos Olímpicos comemoram sua primeira versão com paridade total entre atletas mulheres e homens da história, a boxeadora Bia Ferreira comemorou a participação neste momento."Ah, é muito importante. Eu estou vivendo a história, estou realizando sonhos. Eu acho que nada melhor que encerrar meu ciclo olímpico tendo participado dessa experiência. Eu acho que isso demorou um pouco, mas é algo progressivo", avalia a pugilista mais condecorada do Brasil. "É um passo de cada vez. Acho que as mulheres estavam só esperando esse espaço e vão aproveitar agora. Daqui a pouco vai ser tão comum que a gente nem vai estar citando mais essa pauta. Espero que todas elas aproveitem e tenham resultados expressivos para a gente poder comemorar e vibrar muito, porque mulher é boa em tudo que faz", comemorou. "Eu fico muito feliz de ver atletas de base se inspirando em toda a equipe feminina. Ver esse crescimento, ter esse contato com elas no CT é muito legal. Eu acho que a gente não vai quebrar essa geração, eu acho que vai ter muitas bias ferreiras, jucielens, bárbaras por aí, e isso vai se tornar uma coisa comum, a gente vai ter show de medalhas", afirmou a bicampeã mundial de boxe. Bia Ferreira é filha do boxeador bicampeão brasileiro e tricampeão baiano nos pesos galo e supergalo Raimundo Oliveira Ferreira, o Sergipe. Seu pai foi o seu grande incentivador e seu primeiro treinador, como ela contou à RFI. "Meu pai foi meu grande incentivador, eu o tinha como referência. A gente sempre se fala, apesar de eu não treinar com ele diariamente, porque ele fica em Minas, e eu em São Paulo, mas a gente está sempre se comunicando", conta. "E ele é uma referência de resiliência, não é? Meu pai não tinha nada, tinha que trabalhar para poder treinar. Hoje em dia eu posso só me dedicar ao esporte graças ao começo dele. Eu acho que a gente vai deixando isso para as novas gerações, então por isso que eu tento trazer os resultados possíveis para a gente poder ter investimento e que isso seja mais fácil para outros atletas que estão chegando aí", diz Bia Ferreira, direto dos treinamentos com e equipe de boxe brasileira na sede do COB, no castelo de Saint-Ouen, nos arredores de Paris.

Duration:00:05:26

Ask host to enable sharing for playback control

Guia do Itamaraty orienta turistas brasileiros para os Jogos de Paris 2024

7/24/2024
Milhares de torcedores brasileiros já chegaram ou estão sendo aguardados para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024. Para garantir uma boa experiência a esses turistas durante os dois eventos, o governo brasileiro criou um guia com informações úteis sobre a França e as cidades que vão acolher as competições. Além da cartilha, pela primeira vez o Itamaraty terá um posto consular que vai funcionar junto à sede da delegação verde e amarela na cidade de Saint-Ouen-sur-Seine, nos arredores da capital. Com 53 páginas, o Guia Consular para os Turistas Brasileiros foi elaborado em conjunto pelo setor consular do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e os Consulados-Gerais de Paris, Marselha e Sydney, na Austrália, pela proximidade com o território ultramarino do Taiti, onde serão realizadas as provas de surf. No documento, estão dicas que vão desde a documentação necessária para brasileiros entrarem no território francês até o atendimento consular durante os Jogos, além de informações sobre o sistema de saúde, transporte e segurança. “O Itamaraty já tem uma longa experiência desses tipos de eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas também. Então já se criou essa prática de elaborar uma espécie de ‘cartilha’ para ajudar os brasileiros que chegam. E esse ano, foram consideradas todas as peculiaridades de Paris, de Marselha, onde haverá a vela, e até no Taiti, também, onde será o surf. Mas, a parte mais substantiva, diz respeito à capital francesa, onde se concentram quase todos os eventos olímpicos”, destaca o embaixador Fábio Mendes Marzano, cônsul-geral do Brasil em Paris. No guia há dicas de como agir em caso de roubos e a quem recorrer em situações de emergência, com telefones de hospitais, polícia, e até contatos com atendimento em português. “Nós, já baseados em cartilhas anteriores e em modelos, elaboramos bem detalhadamente esse guia com todos os aspectos que possam interessar a um turista. Tenho visto cartilhas até de outros países e não vi nenhuma tão completa quanto essa que fizemos para os nossos brasileiros”, destaca Marzano. O documento também tem um capítulo para esclarecer o que os Consulados-Gerais podem e também o que não podem fazer no atendimento aos brasileiros. “Às vezes acontecem problemas migratórios ou com a polícia. O consulado não tem como intervir em decisões de um agente migratório que resolveu barrar um brasileiro e devolver para o Brasil. Quando chega até nós qualquer notícia desse tipo, imediatamente nós entramos em ação. E para tentar nos comunicar e entender o que houve. Mas não podemos reverter decisões, seja da polícia de fronteiras ou da polícia regular francesa”, exemplifica. Posto Consular Pela primeira vez o Ministério das Relações Exteriores instalou um posto consular para atendimento na Casa do Brasil em Saint-Ouen-sur-Seine, cidade na periferia norte de Paris, escolhida como sede da delegação brasileira. A chegada de uma grande delegação do país no local justifica uma representação diplomática com a presença permanente de três funcionários e equipamentos para emissão de documentos e atendimento de emergência, segundo o embaixador Fábio Mendes Marzano. “Detectamos essa necessidade porque é a primeira vez nas Olimpíadas que está se permitindo que venham com a delegação familiares e até amigos que sejam indicados pelos atletas. Então nós decidimos colocar ali uma equipe avançada. O atleta tem que estar concentrado totalmente na sua prova olímpica, no seu desafio do momento e tem que saber que se houver algum problema, nós estaremos ali para atender um familiar, um amigo”, afirma. O Guia Consular dos Torcedores Brasileiros pode ser acessado clicando aqui.

Duration:00:05:50

Ask host to enable sharing for playback control

Olimpíadas culturais trazem de volta espetáculo de hip-hop “Boxe Boxe Brasil” a Paris

7/19/2024
A nova temporada do espetáculo “Boxe Boxe Brasil” em Paris faz parte das Olimpíadas Culturais, que acontecem paralelamente aos Jogos Olímpicos. A peça do renomado coreógrafo francês Mourad Merzouki, da companhia de dança Käfig, foi criada em colaboração com bailarinos cariocas de hip-hop, entre eles Alex Pitt. “Boxe Boxe Brasil” foi criado em 2017 e essa nova temporada do espetáculo na França, neste momento em que o país celebra os Jogos Olímpicos, é uma oportunidade ímpar", acredita Alex Pitt. “O espetáculo combina elementos de boxe, dança e capoeira, o que se encaixa perfeitamente com o espírito das Olimpíadas. É uma integração fascinante de jogos e dança”, afirma o bailarino. A peça é um espetáculo multidisciplinar que incorpora hip-hop, dança contemporânea, artes marciais e música clássica. No palco, os 9 bailarinos (cinco brasileiros e 4 franceses) dividem a cena com o quarteto Debussy. “É uma combinação maravilhosa, mesclando nosso tempero brasileiro com música clássica. Essa fusão de arte erudita com arte urbana permite atrair um público diverso”, conta Alex Pitt, que atua na companhia Käfig Brasil desde o início da colaboração com Mourad Merzouki em 2009. A nova temporada começou em Lyon, em maio, passa por Paris até o dia 20 de julho no teatro 13 Art e termina em 24 de julho no festival de dança de Vaison la Romaine, no sul do país. Ao integrar a programação das Olimpíadas Culturais, os bailarinos brasileiros da Käfig animaram em um parque da capital o flash mob gigante “Dança dos Jogos”, durante a passagem da Tocha Olímpica por Paris. “Foi incrível. Realizamos uma interação para mais de 150 pessoas. Foi um momento especial, onde tivemos a oportunidade de ensinar a coreografia oficial dos Jogos Olímpicos ao público presente”, conta Pitt. Breaking nas Olimpíadas e decepção para o Brasil Os Jogos Olímpicos de Paris têm um significado importante para as danças urbanas. O breaking foi reconhecido como modalidade olímpica e estreia na competição. “O break, muitas vezes marginalizado, está ganhando uma visibilidade enorme. Isso proporciona uma visão melhorada da dança e valoriza os dançarinos como atletas, mostrando seu talento para o mundo”, ressalta Alex Pitt, que começou sua carreira no break, como B-Boy, como são chamados os adeptos da modalidade. Infelizmente, nenhum atleta brasileiro de breaking conseguiu classificação para Paris. Para Pitt, isso não significa que os B-Boys ou B-Girls brasileiros não tenham um bom nível internacional, mas sim que eles não tiveram apoio suficiente. “Isso serve de alerta para que o Brasil ofereça mais recursos e incentivos aos atletas (de breaking). Espero que nas próximas Olimpíadas possamos ter representantes”, torce. Coreógrafo premiado Alex Pitt gosta de dizer que os artistas da cena urbana brasileira não vivem de arte, mas “sobrevivem”, apesar de reconhecer que a situação melhorou nos últimos dois anos com a “abertura de editais para programas culturais, para artistas independentes, para que eles possam inscrever seus próprios projetos e receber por esses projetos”. A colaboração com o francês Mourad Merzouki foi fundamental para a carreira do bailarino carioca, que, recentemente, também começou a coreografar e teve a sua primeira peça, “Chão Duro”, premiada pelo festival do Corpo Negro no Sesc. “A temporada de estreia foi um sucesso, teatro lotado. Fala sobre esse solo no qual a gente deve ter muito respeito, ainda mais sendo B-Boy do hip-hop”, revela. Depois das apresentações na França, Alex Pitt volta ao Brasil para uma nova temporada do “Chão Duro”, antes de voltar à Europa no final do ano para uma nova turnê do “case de sucesso” Boxe Boxe Brasil que mostra a diversidade e a riqueza das expressões artísticas brasileiras. O bailarino também sonha em apresentar seu trabalho autoral para o público europeu, “quem sabe já em 2025” ano da temporada cruzada França-Brasil.

Duration:00:06:14

Ask host to enable sharing for playback control

Em Paris, DJ Bhaskar inicia turnê europeia e apresenta projeto de revelação de talentos com Alok

7/19/2024
Acostumado desde pequeno aos festivais de música eletrônica, como filho de DJs renomados do psy trance no Brasil, Bhaskar naturalmente se tornou também DJ e produtor musical. O artista, de 32 anos, começa sua passagem pelo continente europeu em Paris, onde pisa pela primeira vez. Em seguida, ele tocará seu Tech House misturado com Techno e Deep House em Londres, Dublin, Ibiza e Mallorca, além do grande festival eletrônico Tomorrowland, na Bélgica. Depois, fará ainda apresentações no Brasil e nos Estados Unidos. Os pais de Bhaskar, DJs Swarup e Ekanta criaram um dos festivais mais famosos do Brasil e que se espalhou pelo mundo, o Universo Paralello. Bhaskar sempre esteve habituado a acompanhar as apresentações de seus pais ao lado de seu irmão gêmeo Alok, já eleito um dos melhores DJs do mundo. O jovem, que começou profissionalmente no mundo da música eletrônica em 2016, depois do seu irmão, conta que tinha a ideia de ser artista desde pequeno como cineasta, escritor ou "alguma coisa que tivesse a ver também com arte", mas o processo para se encontrar como produtor musical acabou sendo natural. "Eles [os pais] nunca pressionaram eu e meu irmão. Mas a gente tinha uma referência de que era possível viver de música. A gente via que para eles tinha dado certo, então por que não tentar? Eu demorei alguns anos para identificar que era aquilo mesmo que eu queria", relata. Projetos com Alok Depois do sucesso "Fuego" em parceria feita em 2017 e algumas turnês em dupla, os irmãos não têm projetos musicais juntos no momento. No entanto, eles atuam com o lançamento de novos nomes da cena musical eletrônica com a gravadora Controversia. "A gravadora é hoje o que eu acho que mais representa o Brasil. A gente sempre tenta revelar novos talentos e mostrar um pouco do que é a nossa cultura musical. Os objetivos que a gente tem de lá são, justamente, para fomentar essa cena de novos produtores", detalha. Ele acrescenta que, recentemente, lançou um remix contest, uma competição dos melhores remixes de algumas músicas já lançadas pela gravadora. "Isso serviu para dar visibilidade justamente para essas esses novos talentos que dificilmente conseguiriam lançar em grandes gravadoras. E esse é um dos braços da Controversia, esse lado mais social para novos talentos", explica. Nascido com sua marca pronta No universo da música eletrônica é comum haver DJs que adotam nomes artísticos inusitados, porém Bhaskar é o nome próprio do artista, que parece já ter nascido com sua marca pronta. O nome foi inspirado pelo guru indiano Osho, admirado e seguido por familiares de produtor musical. "Quando eu era criança e a gente não imaginava que ia ser DJ, era bem difícil, porque Bhaskar é um nome muito atípico, então eu sempre tive que soletrar, explicar e tal (...) Hoje em dia faz total sentido!", diz ele. Ele explica que o nome, que significa "sol divino", inspirou a festa eletrônica "Follow the Sun" (siga o Sol, em tradução do inglês). O evento, que inicialmente era composto apenas por lives, durante a pandemia, cresceu. "A gente não tinha show para tocar, então eu comecei a fazer uma live. Eu começava tocando meia-noite e ia até o dia nascer. E agora eu lancei uma turnê do 'Follow the Sun' no Brasil, então vou passar por sete cidades desde Fortaleza, Recife, Chapada dos Veadeiros, Búzios, cidades que tem essa conexão do amanhecer e do Sol. Vai ser muito especial!", aposta.

Duration:00:09:17

Ask host to enable sharing for playback control

Maria Marighella comanda 'ofensiva sensível' da cultura brasileira no Festival de Avignon

7/12/2024
Presidente da Funarte, a Fundação Nacional de Artes do Brasil, Maria Marighella fez sua "estreia" no Festival de Avignon, o maior evento de artes cênicas do mundo, em sua edição 2024. Ela conversou com a RFI sobre as missões da delegação da cultura brasileira durante a programação do evento dirigido pelo português Tiago Rodrigues, e expôs sua visão sobre as novas políticas públicas que estão sendo desenhadas para a internacionalização dos artistas, antecipando o ano do Brasil na França, em 2025. Para ouvir a conversa na íntegra, clique no botão PLAY RFI: Qual é a missão da delegação da cultura brasileira no Festival de Avignon em 2024? Maria Marighella: As missões são muito grandes. Essa retomada do Ministério da Cultura vem com uma missão institucional. A Funarte, nessa retomada, tem a missão institucional de coordenar o grupo que cuidará da política nacional das artes. É uma atribuição do Ministério da Cultura do Brasil, um ministério retomado, renascido, e tem, em sua atribuição primeira, construir, entregar ao povo brasileiro uma política nacional das artes que tenha o tamanho, a força e a diversidade das artes brasileiras. E, por óbvio, a internacionalização das artes está entre as atribuições da construção dessa política. Nós sabemos a importância que as artes brasileiras têm em todo o mundo, e as expectativas que o mundo tem em relação à produção artística brasileira. Isso é o que eu tenho chamado de "ofensiva sensível". O Brasil tem uma ética, uma estética, uma poética, uma radicalidade no modo de se expressar artisticamente. Isso é uma força, isso é uma riqueza. E essa experiência tão viva, tão celebrada, precisam de contornos de política pública, ou seja, das instituições dando densidade, trazendo retornos ao Brasil, a seus fazedores de cultura, mas sobretudo aos brasileiros, ao cidadão brasileiro que tem nas artes uma expressão da sua identidade, da sua singularidade e também da sua força única na sua dimensão econômica de mercado. RFI: Que contornos teriam essas políticas públicas? Maria Marighella: Eu acho que esse novo ciclo político traz uma nova cultura política que diz assim: o artista, o agente cultural, o agente artístico, não é o beneficiário da política pública, ele é o meio pelo qual a política se materializa. Existe uma cena brasileira, como aqui em Avignon. Mas posso falar também da Bienal de Veneza, posso falar dos acordos de cooperação que estamos estabelecendo na América Latina, em África - onde estive, em Moçambique -, ou seja, é o Ministério da Cultura do Brasil chegando também agora mais perto da Ásia. Então é o Brasil voltando à cena mundial, tendo as suas artes como um ativo da diplomacia brasileira, como espaço de diálogo, de soberania, de identidade, reconhecendo os artistas como parte fundamental dessa construção, não como agentes que chegam depois. Tendo essas experiências como estruturas que, aí sim, voltando à sua pergunta, nortearão a construção de uma prática republicana transparente. Então, quando a gente fala de uma política de internacionalização, a gente tem que falar de um monte de elementos desde o fomento, ou seja, dos recursos investidos, e da abertura de mercados, da distribuição do produto. Então, a gente tem uma política pública tradicionalmente construída na produção, mas nós não temos uma política de distribuição do produto artístico brasileiro, e isso não se faz sozinho. RFI: O que você achou da iniciativa do Tiago Rodrigues, diretor do Festival de Avignon, de criar o evento "Noite de Avignon", uma "iniciativa cidadã contra a extrema direita", depois dos resultados do primeiro turno das eleições legislativas na França? Maria Marighella: Foi um gesto lindo. É uma chamada à construção coletiva, é claro. Ele faz uma "movida" cidadã, eu acho que é esse o papel das artes. Ou seja, a gente fala muito de direitos culturais e pouco das liberdades. A gente precisa tratar muito do papel da liberdade, do espaço livre que o agente artístico precisa ter dentro da sociedade. Há...

Duration:00:06:15

Ask host to enable sharing for playback control

Festival criado por pianista brasileira leva música erudita à zona rural francesa

7/11/2024
Os festivais culturais, seja de música, teatro ou dança, são uma tradição no verão francês, que acontece do final de junho a setembro, época de férias escolares no país. Entre esses eventos está o Festival de Piano e Música de Câmara Charolais-Brionnais, que desde 2005 apresenta o repertório clássico em edifícios do patrimônio histórico da região rural da Borgonha do Sul, que fica no centro-leste da França. O evento é dirigido artisticamente pela pianista brasileira Juliana Steinbach e promovido pela Association Musique et Patrimoines en Charolais-Brionnais (Associação Música e Patrimônio). A edição 2024 acontece de 27 de julho a 4 de agosto. O festival, criado por Steinbach, veio preencher um vazio. "Não havia na região da Borgonha do Sul um festival (de música)”, lembra o francês Didier Voïta, presidente da associação. A ideia é valorizar tanto o patrimônio musical quanto o arquitetônico da região. “Valorizar esse patrimônio lindo, com uma acústica muito boa; levar a música para o público e trazer gente para conhecer melhor esse patrimônio do período da Abadia de Cluny”, conta o presidente. Os concertos acontecem principalmente em igrejas de várias cidades da Borgonha do sul, mas também em prédios do patrimônio industrial. Didier ressaltou a diversidade musical proposta. "O repertório abrange desde a música barroca de Johann Sebastian Bach até composições contemporâneas. Nosso objetivo é oferecer uma experiência musical completa e diversificada." Destaques da edição 2024 A brasileira Jane Lessa, que também integra a associação, ressalta os principais destaques desta edição 2024. "Teremos músicos brasileiros participando graças a uma parceria com a Universidade de São Paulo, que envia anualmente jovens talentos para o festival. Este ano, o trio francês Talweg estará presente, além de outros nomes internacionais. Estamos aguardando a confirmação da pianista portuguesa Maria João Pires", explicou. Inclusão cultural na região rural Uma das missões do festival é levar música de alta qualidade às regiões rurais, onde as ofertas culturais são escassas. "Em 2020, por exemplo, tivemos a pianista argentina Martha Argerich, muito ligada ao Brasil, que passou três dias conosco. Foi uma oportunidade única para o público local, que muitas vezes não tem acesso a grandes salas de concerto internacionais", destacou Jane. Outra preocupação é a promoção de jovens artistas. O evento abre espaço e dá a oportunidade a iniciantes de se apresentar e lançar suas carreiras. "Temos conseguido, ao longo desses anos, impulsionar a carreira de muitos jovens músicos, tanto no cenário nacional quanto internacional", afirmou Didier. Impacto dos Jogos Olímpicos e mudanças políticas O Festival de Piano e Música de Câmara Charolais-Brionnais começa no dia seguinte da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. Sobre a coincidência de datas, o presidente da associação não acredita que haverá impacto negativo no público do festival. Ele avalia que os dois eventos atraem diferentes perfis de espectadores. Quanto às recentes mudanças políticas na França, Jane Lessa manifestou preocupação quanto ao futuro do financiamento público, essencial para a realização do festival. "Para este ano, todos os apoios já foram confirmados, mas para os próximos anos, ainda há incertezas. Esperamos que o polo cultural francês continue forte e ativo", concluiu.

Duration:00:07:11