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Ouça aqui, em directo, os grandes temas do momento que fazem o pulsar da actualidade nos vários países.

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Paris, France

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Podcasts

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RFI

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Portuguese


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Terminou a “era de mais de 50 anos de família al-Assad no poder” na Síria

12/9/2024
A Síria vive um momento histórico com a queda de Bashar al-Assad, o homem que governou com mão de ferro durante 24 anos, depois de ter herdado o poder do pai, Hafez al-Assad, que tinha tomado o poder em 1970. O regime autocrático foi declarado oficialmente derrubado, após uma ofensiva das forças da oposição, que tomaram o controlo de Damasco nas primeiras horas de domingo. Ivo Sobral, coordenador de mestrado em Relações Internacionais na Universidade de Abu Dabi, falou-nos sobre os cenários em cima da mesa, as esperanças e os desafios do país perante o fim "de mais de 50 anos de família al-Assad no poder”. RFI: A queda de Bashar al-Assad ocorreu menos de duas semanas depois do início da ofensiva da oposição. Ficou surpreendido? O que é que fez com que a sua queda acontecesse agora? Ivo Sobral, coordenador de mestrado em Relações Internacionais na Universidade de Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos: De facto, foi um avanço surpreendente, super rápido, que ninguém esperava. Movimentações militares nos últimos três, quatro dias, muitas pessoas de exércitos do Médio Oriente a deslocarem-se para a Jordânia, a deslocarem-se até para Israel para observarem o que é que estava a acontecer para fazer os relatórios de volta para os seus países. Toda a gente ficou surpreendida com esta rápida expansão das forças populares da Síria. O que aconteceu foi que, de facto, o regime de Bashar al-Assad estava minado logisticamente por dentro, foi uma batalha de atrito, uma batalha que durou muitos anos e que parecia eterna, mas afinal não, porque os relatórios recentes falam de um exército ao lado de Bashar al-Assad muito fraco, muito debilitado, muito dependente de mercenários e de forças externas, como o próprio Hezbollah libanês que estava quase terminalmente enfraquecido com os ataques de Israel e também as forças do Irão, assim como as forças proxys iranianas que são originárias do Iraque. Ou seja, de certa forma, foi a própria fragilização do Hezbollah e do Irão que teria levado a que isto pudesse acontecer agora? Exactamente. É essa a parte decisiva desta mudança enorme no Médio Oriente. As forças russas eram à volta de mil soldados, no máximo, portanto, nada de transcendental, alguns meios aéreos, mas que não poderiam fazer absolutamente nada quanto a esta ofensiva que foi super rápida. O próprio exército de Bashar al Assad, apesar de ter à volta de 20.000 homens, pelo menos até Damasco, também não teria recebido nem sequer os seus salários nos últimos meses, havia falta crónica de munições, falta de comida para as forças de Bashar al-Assad, uma situação que estava já a descer bastante em termos de apoio para Bashar al-Assad. Ele já não era popular na Síria, o problema agora é que as suas próprias forças mais fiéis estavam já a abandonar as posições, como aconteceu em Homs, quase no início. A queda de Bashar al Assad simboliza o quê? É o fim de uma era de opressão e de violência, mas também poderá ser o início de uma fase de incertezas? Qual é o principal cenário neste momento em cima da mesa? É difícil falar de um cenário. Podemos falar de vários cenários. É uma era que se acaba, uma era de mais de 50 anos de família al-Assad no poder. A Síria dominou o Médio Oriente e foi um bastião de alguma estabilidade com mais de 50 anos e que agora desaparece. Quando desaparece qualquer coisa - isto não é de hoje, já vimos o que aconteceu no Iraque - um vácuo do poder transforma-se sempre numa situação extremamente perigosa. Isso é o apanágio de qualquer revolução, mas no Médio Oriente ainda é pior, em particular numa zona tão volátil como onde está a Síria e o Iraque. A Síria é particularmente complexa a situação porque temos não só os jogadores internacionais todos presentes, como existe uma multitude de forças internas da Síria, que tornam todos os cálculos cada vez mais difíceis. O vazio de poder ocorre normalmente após a queda de regimes autoritários e pode ser explorado por grupos extremistas, como aconteceu no Iraque e na Líbia....

Duration:00:15:23

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Reconstrução de Notre Dame é "a obra mais importante da nossa vida"

12/6/2024
Chamam à reconstrução de Notre Dame de Paris a obra do século. Uma obra que demorou cinco anos e devolveu o esplendor a uma das catedrais mais emblemáticas do Mundo. Para este esforço de restauro contribuiu a CentralPose, uma empresa liderada pelo franco-português, Arthur Machado, que refez o adro deste monumento. Para este empresário, trata-se da obra da sua vida. Este fim de semana, a Catedral de Notre Dame reabre ao público, após cinco anos de obras de fundo para recuperar este monumento histórico devastado por um incêndio em 2019. Mais de 2 mil pessoas trabalharam dia e noite para restaurar esta igreja emblemática, desde a estrutura de madeira onde se apoia o telhado ao pináculo, passando pela limpeza do órgão e dos vitrais até ao à reconstrução do adro. A entrada da Catedral foi restaurada pela empresa CentralPose, dirigida pelo franco-português Arthur Machado. Com décadas de experiência no sector dos pavimentos, Arthur Machado disse em entrevista à RFI que esta foi a obra mais importante da sua vida. "Foi um concurso público no qual participámos e que ganhámos. Somos uma das principais empresas em França de assentamento de paralelos e já temos algumas obras míticas, como a Praça da República, que tinha sido uma praça para nós muito importante. E agora vem Notre Dame, que é a do século XXI. Toda a gente que trabalhou nesta obra fica com ela gravada na memória para toda a sua vida", declarou este empresário das obras públicas em França. A pedra utilizada no adro da Catedral veio da região da Borgonha e foram assentados cerca de 5 mil metros de pavimento, um projecto concebido também por um engenheiro português e calceteiros portugueses que trabalharam nesta obra cerca de um ano. De forma a trabalharem nesta obra e devido à presença de chumbo no antigo pavimento, os trabalhadores foram submetidos a regras restritas de trabalho, incluindo análises antes e depois desta empreitada. Ao saber que participaria neste projecto de reconstrução após um incêndio "chocante", Arthur Machado já tinha a noção da importância deste projecto. "Nós concorremos e tínhamos 90% de certeza que este projecto viria para a CentralPose porque temos referências, temos a capacidade humana e temos o saber fazer. Começámos a preparar-nos com engenheiro, calceteiros. E quando tivemos a confirmação, sabíamos que seria a obra mais importante que fizemos em toda a nossa vida", indicou. Arthur Machado marcou presença há uma semana na cerimónia de inauguração e agradecimento do Presidente da República Emmanuel Macron a todas as empresas e trabalhadores que participaram na reconstrução e o empresário congratula-se que toda a gente que entre nesta Catedral tenha de passar pelo pavimento que ajudou a colocar. "O sentimento quando se está agora na Catedral é de tranquilidade. E depois, claro, o sentimento de ver aquelas pessoas andarem por cima daquele chão que nós fizemos e toda a gente olhar. É maravilhoso. E eu acho que agora, no dia oito, que é a inauguração oficial oficial, teremos presidentes do Mundo inteiro que vão lá estar", concluiu.

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Investigadores publicam “Portugueses em França: uma imigração invisível?”

10/31/2024
Em Outubro, foi lançado, em França, o livro “Les Portugais en France: une immigration invisible?” [“Os Portugueses em França: uma imigração invisível?”], editado pelas investigadoras Sónia Ferreira e Irene dos Santos. A obra reúne estudos de vários especialistas da emigração portuguesa e questiona o conceito de “imigração invisível” associado à comunidade portuguesa em França. RFI: Como descreve, em poucas palavras, a obra “Les Portugais en France: une immigration invisible?” Sónia Ferreira, Co-editora da obra “Les Portugais en France: une immigration invisible?”. É uma obra académica que reúne um conjunto de capítulos que são feitos por investigadores na área da antropologia, da sociologia, da história, e que são investigadores que têm trabalhado ao longo das últimas décadas sobre esta questão da imigração portuguesa em França. Mas também é um livro que visa ir para além da comunidade académica, ou seja, é um livro que também gostaria de chegar a um público mais alargado, precisamente para não se centrar apenas na discussão interna académica, mas para suscitar conversas e discussões sobre a imigração portuguesa em França, que vá para além desses círculos mais restritos. Por isso, é uma publicação que é feita através de uma editora que tem a divulgação também de obras com outro tipo de características, mas com uma parceria com uma instituição académica. Portanto, tem esta dupla pertença, digamos assim. Uma das perguntas que está no título é “imigração invisível?”. O sociólogo português Albano Cordeiro foi pioneiro nesse conceito, creio eu. O que significa essa noção? Albano Cordeiro - a quem nós, aliás, dedicámos o livro devido ao seu falecimento recente e que foi uma pessoa muito importante a pensar a temática da migração portuguesa em França e foi pioneiro em muitos dos seus trabalhos sobre essa temática - tinha esse conceito do “paratonnerre maghrébin”, essa ideia de que muitas vezes os migrantes portugueses eram vistos como os bons migrantes, por oposição, à migração pós-colonial francesa, nomeadamente à migração magrebina, e portanto, havia essa ideia dos portugueses como católicos, como brancos, que estariam ao abrigo de muitas discussões sobre as questões religiosas, sobre as questões de racialização, em França. Nós questionamos um pouco essa ideia, tentando mostrar que ela não é verdadeira e, portanto, de alguma forma há processos de invisibilização, mas também não é isso que faz com que os portugueses não tenham também, por exemplo, sofrido de processos discriminatórios no seu processo de instalação em França. Ou seja, afinal não é uma imigração invisível como até agora se tem sustentado? É uma imigração invisível nalguns aspectos ou uma emigração que ficou nalguns aspectos da sociedade francesa invisibilizada, mas, como sabemos, é uma imigração que tem um papel de visibilidade e destaque em muitas áreas da sociedade francesa. Muitas vezes essa questão do visível e invisível tem a ver até com aspectos negativos ou menos agradáveis e, portanto, é isso que nós questionamos. Ou seja, há processos de invisibilização da imigração portuguesa, mas até que ponto eles não devem ser também discutidos e questionados? E que repercussões é que isso tem para os próprios portugueses em França? Todos estes processos que levam ao seu posicionamento na sociedade francesa e, portanto, há que questionar a sociedade francesa como um todo e não apenas olhar para os portugueses como um grupo isolado, mas pensar os portugueses na sua interacção com os outros grupos imigrantes em França, desde os europeus que chegam muito antes dos portugueses, como é o caso dos espanhóis ou dos italianos ou dos polacos, etc, às migrações pós-coloniais em França, principalmente aquelas que se dão nos processos de descolonização, que é quando a maior vaga de portugueses chega a França a partir dos anos 70. Esta noção de bons imigrantes, de mão-de-obra dócil e silenciosa, não contribuiu até hoje para a instrumentalização desta imigração portuguesa...

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Sensibilização da sociedade civil é essencial para travar declínio da biodiversidade

10/28/2024
No início do mês de Outubro, a WWF lançou um relatório em que dá conta de uma perda global de 73% da biodiversidade no Mundo, com a perda a ser ainda maior em África. A EcoAngola, uma organização não governamental, tenta travar este declínio de biodiversidade através de acções e projectos em que o foco é dirigido às populações e às autoridades. Angola é o segundo país africano com maior número de bioregiões, 15, logo a seguir à África do Sul. Isto faz com que seja um dos países do Mundo com maior riqueza e diversidade de ambientes, com uma fauna e flora muito ricas que variam consoante as diferentes regiões. Esta riqueza natural está ameaçada como constata o relatório da WWF e faz com que a EcoAngola queira mais esforço por parte das autoridades para a conservação do meio-ambiente. "Existe a necessidade de ter um esforço muito maior. Porque nós podemos ter algumas políticas, elas existem, mas precisamos de uma maior monitorização e capacitação pessoas que são responsáveis, por exemplo, pelos parques naturais de forma a exercerem o seu trabalho de protecção e conservação das espécies deste flora fauna", indicou Diana Lima, directora executiva da EcoAngola em entrevista à RFI. Angola possui actualmente 14 parques nacionais, com 12,9% do território terrestre do país a ser protegido. A EcoAngola e outras organizações não governamentais ajudam no esforço de protecção, nomeadamente em articulação com o Instituto Nacional de Biodiversidade, de Conservação, mas vêm-se a braços com problemas como desflorestação, caça ou queimadas. "Nós sabemos que um dos maiores problemas, tem a ver com a caça. Ao mesmo tempo, compreendemos que estas são as opções que existem para certas comunidades a nível económico, portanto as multas não chegam e sabemos que no terreno há uma uma cedência por parte de quem está a fazer esse controlo", explicou. De forma a preservar as espécies, Angola precisa de maior incentivo à pesquisa científica - com Diana Lima a mencionar a descoberta de novas espécies de reptéis em certos parques naturais, mas também a própria organização administrativa do país que mudou recentemente e algo essencial é a sensibilização da sociedade civil. "Acho que a primeira coisa a fazer para a conservação da biodiversidade seria sensibilizar a sociedade civil sobre a importância da biodiversidade. Para essa conservação, precisávamos de dados mais concretos da realidade da biodiversidade, para além de nós sabermos a realidade dos ecossistemas degradados", concluiu Diana Lima.

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Visita do Papa Francisco é "confirmação da independência" de Timor-Leste

9/11/2024
O Papa Francisco terminou hoje a visita a Timor-Leste, deixando palavras de encorajamento aos timorenses para manterem a sua liberdade e individualidade face a "crocodilos" que se querem apoderar da sua cultura. Timorenses viveram momento de "união" que vieram reforçar as celebrações dos 25 anos do referendo que levou à independência do país. O Papa Francisco encerrou hoje a visita de três dias a Timor-Leste, mobilizando quase metade do país que o seguiu até à capital, Díli. Em entrevista à RFI, a a irmã Luciana, religiosa timorense da congregação Escravas da Santíssima Eucaristia e da Mãe de Deus, considerou que não há palavras para definir estes últimos dias em Timor-Leste. "Esta visita para mim foi enorme satisfação em termos de ser como irmã, como também timorense. Sinto uma alegria enorme em participar aqui. Eu já participei nas Jornadas Mundiais em Portugal, mas é diferente viver uma visita do Santo Padre aqui em Timor. Sentir que aqui é mais uma confirmação de que a minha fé e também a fé católica aqui em Timor. Precisamos sobretudo este apoio cada vez mais do nosso líder. Sentimos esta emoção que não dá para descrever, não dá para falar, não dá para contar com em palavras", indicou. A visita do Papa Francisco teve início na segunda-feira com uma cerimónia de boas-vindas na Presidência timorense e encontros com as autoridades, na terça-feira realizo uma grande missa em Tasi Tolu perante quase metade da população do país e hoje encontrou-se com a juventude antes de partir para Singurapura, última paragem deste périplo aisático. Esta visita decorreu poucos dias depois de Timor ter celebrado os 25 anos do referendo que levou à indendência do país e para a irmã Luciana esta visita veio coroar estas celebrações, reforçando a singularidade deste país onde 99,6% da população é católica. "É um coroar e uma confirmação da própria identidade da nossa, que é cristã. Essa visita tão importante, para nós é a confirmação da nossa identidade timorense. Não só como nação. É sobretudo aquilo que o Papa Francisco falou de que a riqueza ou tesouro de uma sociedade não são as suas riquezas naturais. Digamos aqui em Timor, que é o caso do petróleo e gás natural e outras coisas, mas sobretudo o povo em si, o povo e as pessoas em si que vivem nesta nação. E para nós, sobretudo, é uma confirmação da independência", disse esta religiosa. A irmã Luciana viveu ainda sob o domínio da Indonésia e lembrou o "medo" dos timorenses face às autoridades que os impediam de se exprimir em português e de manterem as suas tradições. "Quando os indonésios estiveram cá, estávamos a viver debaixo do domínio dos indonésios e estávamos com medo. Eu ainda senti aquele medo em que expressava a nossa fé de uma forma muito tímida e também, sobretudo a palavra medo em si quase que cobre todo toda a religião católica. Aqui em Timor, quando viviam os indonésios, porque nós não podíamos rezar em português nem nada disso. Mas agora eu sinto essa liberdade de expressar a nossa fé de uma forma alegre e de uma forma convicta. Sentimo-nos unidos esses dias e eu estive fora de Timor durante 21 anos e sinto que Timor está muito avançado em termos de muitas coisas", concluiu.

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Jogos Paralímpicos em Paris bateram recordes desportivos, de audiências e de emoção

9/9/2024
A cerimónia de encerramento dos Jogos Paralímpicos 2024 colocou um ponto final dos Jogos de Paris 2024. Nesta emissão especial ouvimos os protagonistas, ou seja, os atletas paralímpicos, mas também a análise de Marco Martins, enviado especial da RFI que acompanhou tanto os Jogos Olímpicos como os Paralímpicos no último mês e meio, sobre as prestações dos atletas lusófonos e o que podemos esperar para o futuro do desporto paralímpico.

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Design “Made in Portugal” na rota da Semana do Design de Paris

9/5/2024
Em França, arrancou esta quinta-feira a Semana do Design de Paris que conta com uma exposição dedicada ao design português. Chama-se “Made in Portugal naturally” e é uma vitrina da produção artística do sector. Neste programa, visitamos a exposição com a curadora e arquitecta de interiores Margarida Moura Simão. Há uma “casa portuguesa” na “Paris Design Week”, que arrancou a 5 de Setembro e decorre até dia 14. Nesta "casa", situada na Galerie Joseph, no bairro do Marais, há cerca de 60 peças que mostram o que é o design português de hoje, entre inovação e tradição, entre o clássico e o contemporâneo. O “showroom” chama-se “Made in Portugal naturally” e foi concebido como um apartamento, por onde se deambula entre as peças expostas. A curadora é a arquitecta de interiores Margarida Moura Simão, que nos fez uma visita guiada pelas diferentes salas e obras, desenhando um “Portugal cosmopolita” que produz “um design autoral, irreverente e sofisticado”, com um “savoir-faire” que alia tradição e tecnologia. Na conversa que pode ouvir neste programa, fomos tentar perceber o que é que têm de tão “naturalmente” português as peças de mobiliário, de iluminação, de têxtil e outros objectos decorativos ali em destaque. A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) organizou a iniciativa para promover o design português, nomeadamente a qualidade do produto e do material, a sustentabilidade e o “savoir-faire” português, como explicou Mariana Vieira da Luz, gestora da fileira casa na AICEP. O objectivo desta exposição é promover o design português e colocá-lo num patamar de relevância comparativo com grandes marcas e com a qualidade de outros grandes países nesta área do design de mobiliário, de iluminação, têxteis-lar e porque os nossos produtos têm muita qualidade. Nesta exposição temos cerca de 55 empresas e que foram todas escolhidas pela arquitecta Margarida Moura Simão e o que pretendemos promover é a qualidade do produto e do material que também é feito em Portugal, em conjunto com o design e a sustentabilidade. E daí vem o nome "Made in Portugal naturally" que faz justiça tanto à área da sustentabilidade que está muito em voga, mas também à parte do 'savoir-faire' português e da tradição. De 5 a 9 de Setembro, o Parque de Exposições de Villepinte, nos arredores de Paris, também acolhe a feira internacional de mobiliário e decoração Maison&Objet, na qual Portugal também participa.

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Eurídice Zaituna Kala descontrói Nova Iorque em exposição em Paris

9/2/2024
A artista moçambicana Eurídice Zaituna Kala desconstrói a imagem de Nova Iorque e até do “sonho americano” numa exposição patente na Galeria Anne Barrault, em Paris. As fotografias montadas em estruturas de vidro e metal mostram ausências, desigualdades, relações de poder entre os homens e entre estes e a natureza. Eurídice Zaituna Kala mostra como a arquitectura é mais uma ferramenta de implementação de disparidades sociais e como a cidade vai tapando as camadas do seu próprio passado. A exposição "En quelques gestes : as if two suns were setting", patente até 5 de Outubro, é constituída por obras realizadas durante uma residência em Nova Iorque e questiona o peso que a arquitectura urbana tem sobre a natureza e sobre as próprias pessoas. “Quando propus um projecto de pesquisa para ir a Nova Iorque, era para olhar para a arquitectura. Para olhar como a arquitectura, de uma forma violenta, ocupa o espaço natural e cria uma sensação de betão (...) Eu queria desconstruir essa noção e, ao mesmo tempo, olhar para os arquivos: como é que a cidade foi ocupada na época pré-colonial, no pós-guerra, no pós-Segunda Guerra Mundial, que tipos de arquitectura chegaram. E como eu tenho, na materialidade do meu trabalho, materiais como o metal e o vidro, era claro que eu queria entrar também nessa noção de como esses materiais interagem com a cidade. Quais são as janelas que esses materiais criam? Quais são os ecrãs que eles criam? Como é que esses objectos obstruem a possibilidade de comunicar uns com os outros? Em Nova Iorque, tu passas em frente a um prédio e tens a sensação que não podes interagir com as pessoas que estão no interior. Quer dizer, a interioridade é completamente coberta, submersa, a partir desses materiais”, descreve a artista. Continuando as suas pesquisas em torno dos arquivos, a artista moçambicana estudou as raízes da cidade, originalmente habitada pelo povo autóctone Lenapes e desenhada com várias colinas e rios, hoje substituídos por arranha-céus. “Havia uma natureza, uma fauna ou uma flora que esteve lá antes de uma colonização violenta que mudou completamente a topografia da cidade”, recorda. Por outro lado, ela interessou-se pela relação entre Nova Iorque e a água, um elemento que outrora dominava a paisagem e que passou a ser dominado pelas ambições arquitectónicas. “Chegar a Nova Iorque e falar em água é quase impossível. Nós imaginamos sempre uma cidade de betão, tudo coberto, tudo numa submersão, socialmente falando, uma submersão humana, densa. Mas a história topográfica de Nova Iorque é completamente oposta a essas paisagens que nós temos do nosso imaginário. Nessa oposição, tem a água que foi coberta pela arquitectura num plano de urbanização do Robert Moses, que veio obstruir essas fontes de água que atravessavam Manhattan, Brooklyn, Bronx para criar espaços de construção”, acrescenta. Eurídice Zaituna Kala também explorou o conceito da arquitectura contemporânea como “soft power”, em que os arranha-céus luxuosos olham de cima para os prédios sociais, os quais são reservados aos pobres e sujeitos à subida das águas durante as inundações. “Isso foi também um dos contextos que me interessava muito compreender. Eu tive a oportunidade de subir ao andar 86 de uma torre e de viver essa experiência. Foi super estranho porque são espaços que são vendidos muito caros e que representam um contexto de arquitectura, mas, ao mesmo tempo, representam um contexto de consumo espacial, um contexto de movimento, de liquidez de espaço. Quis compreender o que quer dizer essa disparidade entre esses prédios que hoje em dia são vendidos muito caros e os prédios sociais porque Nova Iorque é uma cidade de prédios, sempre teve uma relação com a verticalidade. Os prédios sociais que foram construídos para as famílias menos ricas são também arranha-céus, mas criaram uma completa desconexão entre gerações de famílias que não puderam entrar em relação, que causaram questões sociais complexas, criminalidade, uso de drogas, etc,...

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Portugal com prata no ciclismo e decepção na canoagem

8/9/2024
Portugal teve ontem uma medalha muito esperada para o ciclismo, com prata para Iuri Leitão na prova de ciclismo de pista. Foi uma prova emocionante até ao final e Maroc Martins esteve presente no Velodrome de Saint Quentin d’Yvelines. Já hoje, na canoagem, João Ribeiro e Messias Baptista, na categoria de K2 500 de canoagem, tiveram uma decepção chegando em sexto lugar. Toda a actualidade dos Jogos Olímpicos com Marco Martins.

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Canoagem e triplo salto marcam jornada olímpica dos lusófonos em Paris

8/7/2024
Nos jogos Olímpicos de Paris, as provas sucedem-se. Na canoagem, três atletas lusofonos estiveram hoje na competição. Dois apuraram-se para as meias-finais, a portuguesa Teresa Portela e o português Fernando Pimenta, enquanto o angolano Benilson Sanda caiu para a final B. Já o triplo salto, com o atleta português Pedro Pichardo, está a causar polémica entre atletas cubanos. Oiça o resumo do dia olímpico com Marco Martins.

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França pode ir ao ouro no futebol, já medalha de bronze vai ser discutida entre África do Norte

8/6/2024
A França vai defrontar a Espanha na final olímpica de futebol. Já a medalha de bronze será disputada entre Marrocos e Egipto. Ainda hoje nos 400 metros barreiras, a portuguesa Fatoumata Diallo vai correr as semi-finais às 20h locais. Marco Martins, que está a acompanhar os Jogos Olímpicos em diferentes pontos de Paris e arredores, faz o resumo deste dia olímpico.

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David de Pina aspira chegar à final para lutar pela medalha de ouro

8/4/2024
Neste nono dia de competição dos Jogos Olímpicos de Paris, o pugilista cabo-verdiano, David de Pina, está nas meias-finais e procura a primeira medalhar para Cabo Verde. O pugilista cabo-verdiano, David de Pina, está nas meias-finais e procura a primeira medalhar para Cabo Verde? Marco: Cabo Verde já garantiu pelo menos uma medalha de bronze com David de Pina, mas o pugilista cabo-verdiano quer mais e tem pela frente o segundo cabeça de série, o atleta do Uzbequistão, Hasanboy Dusmatov. O encontro vai decorrer na Arena Norte, em Villepinte, no norte de Paris. Nesta meia-final tudo é possível e resta saber em que metal vai ser a medalha, será bronze em caso de derrota, ou então prata ou ouro se David de Pina conseguir vencer o atleta do Uzbequistão. Este domingo, 4 de Agosto, decorre a prova dos 158 quilómetros de bicicleta, feminino, em Paris, com muitas ruas cortadas na capital francesa. Temia-se o caos durante este Jogos olímpicos, mas esta primeira semana de provas olímpicas provou o contrário e em Paris "reina" uma calma pouco habitual. Marco: Sim, muitos parisienses decidiram ir de férias, visto que foram as indicações dadas pelas autoridades francesas. O Estado francês pediu para que os parisienses fossem de férias se não quisessem viver no caos dos Jogos Olímpicos. Muitos optaram por ficar e aperceberam-se que depois da cerimónia de abertura, durante a qual houve muitas restrições, sobretudo perto do rio Sena, foram levantadas as restrições. Desde então, há zonas com mais controlo são as que se situam perto dos estádios, das arenas, onde decorrem competições. Mas à parte isso, a vida está mais ou menos tranquila para os parisienses. Eu até diria que por um lado há coisas melhores: os transportes estão melhores do que ao longo do ano. Por exemplo, ao sábado e o domingo, em que podia se esperar mais de dez minutos, desta vez não é o caso, visto que há competições em várias partes de Paris e basta esperar três, quatro ou cinco minutos no máximo para ter um transporte público. Algo inacreditável para uma cidade como Paris.

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David de Pina faz história em Paris e garante primeira medalha para Cabo Verde

8/3/2024
Ao sétimo dia de competição dos Jogos Olímpicos de Paris, Cabo Verde conquistou a primeira medalha olímpica. No boxe, os semi-finalistas asseguram uma medalha de bronze e David de Pina conquista a primeira medalha da história de Cabo Verde em Jogos Olímpicos. Esta Sexta-feira, 2 de Agosto, foi um dia histórico para Cabo Verde que garantiu a primeira medalha olímpica? Marco Martins: Ontem foi um dia histórico para Cabo Verde que se vai juntar a Moçambique como um dos únicos países da África lusófona a conseguir alcançar uma medalha. Por enquanto, Cabo Verde alcança no mínimo uma medalha de bronze, uma vez que na modalidade de boxe quando se alcançam as meias-finais garante-se uma medalha de bronze, um terceiro lugar. David de Pina vai amanhã, 4 de Agosto, defrontar o seu adversário do Uzbequistão, Hasanboy Dumatov, nas meias-finais, se conseguir passar à final lutará pelo ouro ou prata e se perder para o atleta do Uzbequistão será então, no mínimo, a medalha de bronze. De qualquer modo, o que está a acontecer é histórico porque Cabo Verde nunca conseguiu alcançar uma medalha nos Jogos Olímpicos. A medalha será conquistada por David de Pina na categoria de -51 quilos. A França também viveu um dia histórico, os franceses conquistaram nove medalhas num só dia. Léon Marchand na natação, Teddy Riner no Judo e Joris Daudet no BMX. Os três atletas conquistaram medalhas de ouro? Sim, é verdade, foi também um dia histórico para a França. Léon Marchand conquistou a quarta medalha de ouro, algo que nunca nenhum atleta francês tinha alcançado; vencer vários títulos nos mesmos Jogos Olímpicos. Os franceses quase não conheciam o nome de Léon Marchand, hoje toda a gente fala dele porque é um atleta que está a pisar os calcanhares do norte-americano Michael Phelps, que conseguiu várias medalhas de ouro, 23 no total, veremos se Léon Marchand, 22 anos, se vai conseguir aproximar deste feito. O que é certo é que já tem quatro medalhas de ouro em quatro provas de natação nas quais participou. Para o judoca Teddy Riner foi também um dia histórico, uma vez que soma três medalhas de ouro, uma de prata e outra de bronze, em cinco participações nos Jogos Olímpicos. O judoca francês vai competir este sábado na categoria equipas mistas para tentar arrecadar mais uma medalha com a selecção francesa, igual para Léon Marchand na natação, que ainda tem duas provas pela frente. No BMX, para além do título alcançado pelo ciclista é sobretudo, o facto de a França ter conseguido algo inédito: primeiro, segundo e terceiro lugar na mesma prova. Algo que raramente foi visto nos Jogos Olímpicos e já há mais de 100 anos que não se via um tal facto. Pela primeira vez no BMX isso aconteceu com a França que viu quando houve a cerimónia protocolar se viu erguer três bandeiras francesas.

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Patrícia Sampaio conquista medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris

8/1/2024
A judoca portuguesa Patrícia Sampaio conquistou esta quinta-feira, 1 de Agosto, a medalha de bronze em -78 kg frente à japonesa Rika Takayama, na Arena Champ-de-Mars. Esta é a primeira medalha para Portugal nestes Jogos Olímpicos de Paris 2024 e a 29.ª medalha olímpica do desporto português. RFI: Portugal soma uma primeira medalha destes Jogos Olímpicos de Paris e este dia passa a ser inesquecível para Patrícia Sampaio? Marco Martins: Um dia incrível com a primeira medalha nestes Jogos Olímpicos em Paris para Patrícia Sampaio, que teve um percurso complicadíssimo, começou desde logo de manhã, pelas 10h00 frente a uma atleta queniana, conseguiu passar. Depois tinha a francesa Madeleine Malonga e em casa, a francesa acabou por perder frente à portuguesa. Depois veio uma atleta chinesa, sempre fortíssimas, estas atletas asiáticas e também se conseguiu apurar se só apenas nas meias-finais e que foi parada pela italiana antes de vencer mais um encontro frente a japonesa para conseguir arrecadar esta primeira medalha de bronze. É a terceira medalha de bronze na modalidade para Portugal, mas a primeira nestes Jogos Olímpicos de 2024. No andebol marca França venceu Angola por 38-24. A França jogou em casa e por isso foi um encontro mais difícil para as angolanas? A França é a campeã olímpica em título. É claro que era um jogo complicado, mas a Angola ainda tem uma hipótese de passar esta primeira fase. Está no quarto lugar e frente ao Brasil, na última jornada, terá que vencer ou até pode empatar, mas sabemos que é complicado empatar no andebol, mas pelo menos uma vitória garante um lugar nos quartos-de-final para Angola, se conseguirem vencer a selecção brasileira, será um duelo 100% lusófono para um lugar nos quartos-de-final.

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E no quinto dia dos Jogos Olímpicos... os atletas nadaram no Sena

7/31/2024
Tiro, triatlo e natação marcam este quinto dia dos Jogos Olímpicos que fica para a história com mergulhos para o Sena e a possibilidade de um atleta, o nadador francês Léon Marchand, ganhar duas medalhas de ouro na mesma noite. Uma conversa com o enviado especial da RFI, Marco Martins, ao coração dos Jogos Olímpicos de Paris.

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Saiba o que se passou no quarto dia dos Jogos Olímpicos de Paris

7/30/2024
A judoca Clarisse Agbégnénou, bicampeã olímpica francesa e a estrela da ginástica norte-americana Simone Biles marcam o calendário desta terça-feira, 30 de Julho, mas também as angolanas no andebol feminino. O repórter Marco Martins está a acompanhar as provas deste 4º dia dos Jogos Olímpicos de Paris. Quais são as provas em destaque desta terça-feira? As atenções estiveram todas centradas na equipa de andebol feminino. Angola perdeu o primeiro jogo frente aos Países Baixos por apenas três golos, mas conseguiu vencer a Espanha por 26 a 21. Hoje à frente a Hungria e uma vitória poderia aproximar cada vez mais as angolanas do sonho de seguir em frente. Nesta prova é preciso terminar nos primeiros quarto lugares para seguir em frente e tentar chegar aos quartos-de-final dos Jogos Olímpicos. As atenções estiveram viradas para Angola, mas também para Portugal para dupla Nuno Borges Francisco Cabral, que no ténis de pares tentaram derrotar a dupla germânica para tentar chegar à terceira ronda do ténis. De referir que já houve más notícias para Portugal no Judo; Bárbara Timo e João Fernando foram eliminados na primeira ronda, enquanto no ténis de mesa Fu Yu foi eliminada na segunda ronda da vertente feminina. Diogo Ribeiro na natação também não foi além das séries do lado igualmente de Portugal. Até esta terça-feira tinham sido atribuídas 137 medalhas olímpicas. Nos países lusófonos apenas o Brasil soma três medalhas: uma em skateboard e duas em Judo. O que está a acontecer aos nossos atletas da lusofonia? Acho que neste momento há uma certa decepção, porque, por exemplo, no skateboard a Raissa Leal tinha boas hipóteses de conseguir ainda melhor, visto que há três anos atrás tinha alcançado a medalha de prata. Desta vez ficaram pela medalha de bronze. Até no Judo, as expectativas estavam mais altas. Por enquanto não se tem traduzido em medalhas de ouro. Do lado de Portugal havia hipóteses com Catarina Costa no judo e Gustavo Ribeiro no Skateboard e os dois acabaram por falhar, por não conseguir chegar às finais e alcançar medalhas. Talvez seja a pressão, talvez seja o facto de este evento ser planetário e estarem apenas aqui os melhores de todas estas modalidades. O que é certo é que ainda há alguns dias para que a lusofonia, tanto o Brasil, Portugal e porque não os nossos países da África lusófona também alcancem alguma medalha? Como disseste o andebol será complicado, mas já vimos outras surpresas nestes jogos Olímpicos. Até domingo, 11 de Agosto vão ser atribuídas 1 041 medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris.

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O que esperar dos Jogos Olímpicos de Paris 2024?

7/26/2024
Pela primeira vez na História, a cerimónia de abertura não vai decorrer dentro de um estádio, a parada das 206 delegações vai atravessar 6 quilómetros do rio Sena. Nas próximas duas semanas, a RFI em português vai acompanhar o maior evento desportivo do Mundo, que decorre em Paris até dia 11 de Agosto. A Cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos 2024 começa pelas 19h30 e prolonga-se até às 23h15, com uma duração total de mais de 3 horas e meia. Um momento acompanhado por mil milhões de telespectadores no mundo. Ouça o que os nossos jornalistas sabem até ao momento sobre este evento.

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França e Europa sustêm respiração com segunda volta das eleições legislativas

7/5/2024
A França vota este domingo para a segunda volta das eleições legislativas. E isto após uma campanha renhida com muitas desistências, da esquerda, ao centro e à direita, visando bloquear a chegada ao poder da União Nacional [Rassemblement National, RN]. A expectativa é grande, neste novo xadrez político, parece inverosímil que se obtenha uma maioria absoluta. Um cenário de tensão ao qual começar por se referir o historiador Victor Pereira. Como olha para a campanha que antecedeu esta segunda volta, mais de 50 pessoas teriam sido agredidas ! Houve vários relatos de violência contra candidatos e sempre aconteceu, há momentos mais violentos entre militantes de partidos opostos. Mas parece que o número aumentou e também a sua visibilidade. Para muitos, [é de temer] um eventual surto de violência depois dos resultados. Obviamente que a esquerda teme mais uma violência vinda de extrema direita. Nos últimos meses ou anos há grupos de extrema direita que fazem manifestações que, por vezes, atacam pessoas na rua, obviamente pessoas racializadas, como se diz. E o facto de a extrema direita poder ganhar pode tornar mais importante e talvez mais impune essa violência. E obviamente que o Ministério do Interior, ele, vai temendo é uma violência que viria da rua, de grupos de extrema esquerda ou de jovens que contestariam o resultado, se manifestariam depois de uma vitória da extrema direita. Então, esses momentos são importantes. Obviamente, eles são talvez instrumentalizados pelo governo. O próprio Macron falou de guerra civil, mas o campo político francês tornou-se muito mais bipolarizado. Os médias também. Então, esse clima de violência sempre parece pairar um pouco. O primeiro ministro Gabriel Attal dizia nesta sexta feira que estava disposto a manter-se no poder enquanto não houvesse, de facto, novo governo. O que pode deixar a entender que provavelmente poderá haver dificuldades em viabilizar rapidamente o novo governo. As últimas sondagens, de facto, não apontam para nenhuma maioria absoluta, seja com a extrema direita, seja com a esquerda, seja com a maioria presidencial. Acha que, de facto, avançamos aqui para um cenário de uma maioria muito relativa da extrema direita? Sim, estamos numa situação nova para a Quinta República, Quinta República, que foi feita para assegurar maiorias no Parlamento. Charles de Gaulle, quando instituiu a Quinta República, tinha como contra exemplo a Terceira e a Quarta República, que eram regimes parlamentares... E que não é um sistema proporcional ! Não é de todo proporcional e foi feito para ter uma maioria clara e absoluta. E mesmo quando houve períodos de coabitação havia maiorias absolutas. Então, neste caso, muito provavelmente o Rassemblement National não vai ter uma maioria absoluta, ou vai estar longe de uma maioria absoluta, mesmo contando com alguns deputados republicanos que poderiam apoiá-lo. Uma vitória, uma maioria absoluta da esquerda unida parece difícil e uma maioria absoluta do Macron/Ensemble parece complicado. Então, o que pareceu aventado é, como disse com Gabriel Attal, tentar encontrar uma frente republicana que iria, mais ou menos, dos republicanos à direita até aos comunistas. Excluiria a França Insubmissa e a União Nacional. Sim, isso mesmo. É esse discurso que se ouve bastante, que é de luta contra os extremismos, colocando em quase equivalência o Rassemblement National e LFI [La France Insoumise, A França insubmissa, extrema esquerda]. É o que participa dessa desdiabolização do Rassemblement National que existe há alguns meses. Mas isso parece pouco provável. A França não é a Alemanha. A França não tem de todo, a cultura do consenso. Tanto os deputados LR [Les Républicains, os republicanos, direita moderada], como os deputados do PS têm muito pouca confiança em Emmanuel Macron porque vêem Emmanuel Macron como alguém que tentou acabar com os partidos tradicionais e buscar deputados, ministros. Portanto, a esquerda e a direita, eles vão ter muitas reservas...

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Vlady marca nova fase da carreira com novo álbum "Lua Nobu"

6/21/2024
O cantor guineense Vlady lançou recentemente um novo álbum, "Lua Nobu", estando a preparar no dia 22 de junho um concerto nos arredores de Paris onde estarão outros artistas da Guiné-Bissau. Este evento serve para colocar música guineense "ao mais alto nível". Nascido em Pelundo, na região de Cacheu, e tendo crecido em Portugal, vivendo agora em França, a música de Vlady, cujo norme verdadeiro é Vladimir Rumpentiam, tem sido influenciada pelos ritmos guineenses, mas também de outros países lusófonos como Cabo Verde ou Angola, tocando agora outros países africanos. O sue novo álbum Lua Nobu, é um reflexo desta abertura. "Lua Nobu é uma nova fase da minha vida porque estou a avançar cada vez mais. Em 2022, toda a gente gostou do Nha Mundo e eu agora disse que tinha de ser outra coisa, algo que não tivesse nada a ver. Convidei então vários artistas nacionais e internacionais para participarem neste álbum, incluindo uma cantora senegalesa ou o Maican Monteiro que é cabo-verdiano", disse o cantor em entrevista à RFI. Neste novo álbum, a temática recorrente são as mulheres, com temas como "Rainhas" ou "Mulher perfeita". Vlady assume-se como uma "defensor das mulheres", militando por mais igualdade entre os dois géneros e maior reconhecimento das mulheres na sociedade. "Eu sou defensor das mulheres e já está na hora de reconhecer o que as mulheres fazem na nossa sociedade. Quase todas as minhas músicas são sobre mulheres e amor, porque é muito importante. Temos de respeitar as mulheres e dar-lhes valor. Elas sabem fazer tantas coisas que nós homens não conseguimos fazer", declarou. Estando instalado em França há vários anos, Vlady considera que este país é "o centro da música", tendo já uma lista de artistas com os quais pensa fazer projectos no futuro. Entre todas estas colaborações a ideia é sempre elevar a música da Guiné-Bissau. "Nós estamos a trabalhar para fazer chegar a música da Guiné-Bissau ao mais alto nível. Para este concerto, há artistas que vêm da Guiné-Bissau que é o Kilograma, e outros que são daqui como Lélé Bissaly, Zalyka e Drai Kala, são optimos artistas e tenho de hes agradecer por participarem neste projecto", explicou. Este concerto vai acontecer no dia 22 de Junho, sábado, em Courcouronnes, junto a Paris. Sobre a actual situação política na Guiné-Bissau, Vlady tem esperança num futuro melhor para este país que "é muito rico" e onde a juventude deve ter um papel mais preponderante a nível político. "Eu tenho esperança que a Guiné seja libertada. É muito triste o que se passa e só de ver o que se passa, dói. A juventude guineense tem de acordar e dizer basta. O que se passa lá deixa-me sem palavras. Somos um país muito rico, temos muito para explorar e acredito que tudo isto vai passar", concluiu.

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Vhils veste de azulejos estação de metro do Aeroporto parisiense de Orly

6/20/2024
Quando Paris se prepara para acolher os seus Jogos Olímpicos começam a sair de terra as novas estações de metro que vão alterar a fisionomia da capital francesa. Na Estação do Aeroporto de Orly, na linha 14 do metro, uma obra monumental de azulejos do artista Vhils presta homenagem a Paris e às suas gentes. A RFI participou na inauguração da estação e falou com este que é um dos maiores expoentes da arte contemporânea portuguesa. Paris acolhe o mundo a partir de 26 de Julho para os Jogos Olímpicos de 2024. Praticamente um mês antes do arranque da competição a capital francesa passa a ser ligada por metro, num trajecto de cerca de 20 minutos, até um dos seus aeroportos internacionais: o de Orly. A inauguração do prolongamento da linha 14 do metro parisiense, para norte e para sul, no caso até Orly, acontece a 24 de Junho. A estação do aeroporto, essa, foi inaugurada nesta quarta-feira, 19. Como nas quase 70 novas estações que compõem a rede Paris Express, que devem alterar a fisionomia dos transportes, aqui também dois artistas deixaram uma obra perene. O desenhador francês de banda desenhada Edmond Baudoin e os seus "Jogos de crianças", ilustra, nas paredes da própria plataforma do metro, a forma como os mais novos olham para o mundo da aviação. Por seu lado o português Alexandre Farto, celebrizado mundialmente pelo nome artístico de Vhils assinou a obra "Estratos urbanos" [Strates urbaines]. Trata-se de um mural de azulejos, azuis e brancos, de 34 metros de comprimento e 7 metros de altura representando Paris, os seus monumentos: mas também os rostos plurais dos seus habitantes que se confundem com a própria cidade. Do grafitti ilegal no Seixal, arredores da capital portuguesa, até muitas obras dispersas pelo mundo... aquele que era um dos maiores expoentes da chamada "street art", arte da rua lusitana, instalou-se no interior daquela que será uma das principais portas de acesso doravante para Paris: a partir deste aeroporto do sul da região da capital francesa. Foi entre os níveis -1 e -2 desta estação de metro do Aeroporto de Orly, junto à obra monumental do artista, que conversámos com Vhils, logo após a respectiva inauguração, abrilhantada pela presença de Luís Montenegro, primeiro-ministro português." Vhils admite que esta obra marca, mesmo, uma viragem no seu percurso. "Foi uma honra e foi, para mim, que comecei a trabalhar maioritariamente na rua, com 13 anos... Estar aqui a fazer esta obra, para mim é um novo caminho para o trabalho, mas também para toda a equipa. Já somos algumas pessoas e temos trabalhado bastante em vários sítios, mas nunca numa estação. E não um trabalho tão pouco efémero como este, porque é um trabalho que há-de ficar e que para nós teve muito significado. E acho que sim, é um marco, é um passo na carreira." Você fez questão de vincar de onde vinha. Falou das suas raízes alentejanas, para além de ser também um filho dos subúrbios de Lisboa, do Seixal. Porquê? "Primeiro porque tenho orgulho do sítio onde nasci, e que me deu muito. E depois também, numa altura em que no mundo há muitas questões a serem levantadas em relação a isso, de demonstrar também que todas estas estruturas que foram criadas depois da Segunda Guerra, maioritariamente a União Europeia... E o facto de haver estas interligações entre países, proporcionaram-me a mim e aos meus pais saírem do Alentejo. Hoje em dia vivem em Lisboa. E a mim também de chegar aqui e fazer um projecto que envolveu pessoas de França, de Portugal, mas também de outros países europeus e dos países do mundo inteiro. E que isso é importante ressalvar e preservar. E ter noção que foi, graças a uma série de investimentos em infra-estructuras, seja nas escolas, seja nos hospitais onde eu nasci e seja dentro desse percurso, que é um esforço colectivo que me permitiu também estar aqui. E acho que eu: vindo do graffiti e ter feito o meu percurso.. Tudo bem, houve muito trabalho e muita dedicação ! E não estou a falar que não há uma...

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